terça-feira, 28 de outubro de 2008

Presente do dia dos pais...


Este foi feito pra Ramon, utilizando técnicas simples: fita banana, caneta prata, recortes. Mesmo assim ficou lindinho, não ficou?

domingo, 26 de outubro de 2008

Pausa para organizar mudanças



Em dia de decisão tomada e algumas mudanças... e não, não são mudanças radicais. São ajustes para gerir meu dia a dia e os projetos que me propus a tocar.
Como ainda estou me organizando, revendo como vou fazer a partir de agora que só terei este blog para escrever, fora o Pipoca e Coca Cola - que partilho com as meninas; e o Mosaico, esta imagem que encontrei na net é o que melhor revela como estão meus sentimentos neste momento.
:)
Postando para constar.

Mudanças


Chega um momento em que é preciso ser forte e assumir nossas fragilidades e incompetências... o que estou fazendo neste momento. Não consigo, neste momento, gerir tudo aquilo a que me propus:
- o Confidêntia, que começou como diário de bordo para as aulas de teatro ainda em Gyn, e que acabou se tornando um diário de verdade para tudo;
- o De Utopias e Afins, que seria para postar meus poemas de forma organizada;
- o Cotidiano em Cena, para organizar crônicas;
- o Pipoca e Coca Cola, um exercício de amor e palavras com minhas filhas;
- o Mosaico de Lu, onde coloco minhas aventuras pelo mundo artesanal, uma paixão;
- manter ativo o Tia Lux, que começou na minha primeira estadia na Bahia, como forma de me comunicar com os filhos e irmãos, tão longe...
Não dá, mesmo. Não consigo, neste momento, administrar tanto blog. Confundo-me com a data de postagem, fico sem postar, posto errado... então, vou manter apenas o Confidêntia, meu dodói; e claro, Pipoca e Coca Cola, que mesmo não fosse um vício real, é onde partilho com Paula e Maya a paixão pelas palavras; e finalmente, o Mosaico de Lu, sem compromisso nenhum, só para guardar as coisinhas que faço para presentear quem amo.
Num outro momento, em que haja mais tempo pra isso, quem sabe reativo os outros? Quem saberá?
Agora, decisão tomada e registrada, vou tomar banho neste domingo de sol de segundo turno para eleições municipais, e vou a SSA, porque amanhã pela manhã tenho terapia - e isso é algo que não vou desativar por enquanto...
:)
Então, meus queridos leitores que se podem contar nos dedos das mãos, vamos nos encontrar, de agora em diante, em poucos endereços... mas lembrem-se de que gosto, e muito, quando recebo a visita de cada um e o carinho de um comentário!
:)

Mudanças


Chega um momento em que é preciso ser forte e assumir nossas fragilidades e incompetências... o que estou fazendo neste momento. Não consigo, neste momento, gerir tudo aquilo a que me propus:

- o Confidêntia, que começou como diário de bordo para as aulas de teatro ainda em Gyn, e que acabou se tornando um diário de verdade para tudo;

- o De Utopias e Afins, que seria para postar meus poemas de forma organizada;

- o Cotidiano em Cena, para organizar crônicas;

- o Pipoca e Coca Cola, um exercício de amor e palavras com minhas filhas;

- o Mosaico de Lu, onde coloco minhas aventuras pelo mundo artesanal, uma paixão;

- manter ativo o Tia Lux, que começou na minha primeira estadia na Bahia, como forma de me comunicar com os filhos e irmãos, tão longe...

Não dá, mesmo. Não consigo, neste momento, administrar tanto blog. Confundo-me com a data de postagem, fico sem postar, posto errado... então, vou manter apenas o Confidêntia, meu dodói; e claro, Pipoca e Coca Cola, que mesmo não fosse um vício real, é onde partilho com Paula e Maya a paixão pelas palavras; e finalmente, o Mosaico de Lu, sem compromisso nenhum, só para guardar as coisinhas que faço para presentear quem amo.

Num outro momento, em que haja mais tempo pra isso, quem sabe reativo os outros? Quem saberá?

Agora, decisão tomada e registrada, vou tomar banho neste domingo de sol de segundo turno para eleições municipais, e vou a SSA, porque amanhã pela manhã tenho terapia - e isso é algo que não vou desativar por enquanto...

:)

Então, meus queridos leitores que se podem contar nos dedos das mãos, vamos nos encontrar, de agora em diante, em poucos endereços... mas lembrem-se de que gosto, e muito, quando recebo a visita de cada um e o carinho de um comentário!

:)

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Scrapp!


Este foi feito pra Angela... claro, com colaboração de Paulinha. Não ficou lindo??? O que mais gosto é do poema de Lya Luft... ta, sei que a foto não ficou muito boa, mas e o desconto??? :)
...
...
...
“Não é preciso consenso nem arte,
nem beleza ou idade:
a vida é sempre dentro e agora.
(a vida é minha para ser ousada)

A vida pode florescer
Numa existência inteira.
Mas tem de ser buscada, tem de ser
conquistada.”
(Lya Luft)
...
...
...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008


A idéia, aqui, era colocar sempre uma crônica de fatos reais, acontecidos no meu dia a dia.
Já há alguns dias não consigo postar, pensar, escrever. E hoje descubro o porquê: fazem oito meses, já, que meu pai se foi. Oito meses e ainda dói como naquele dia. Oito meses e sinto tantotanto a sua falta! E sinto tanta culpa. Oito meses, paizinho, e ainda não sei viver sem sua presença.


15/02/2008

Viajando atrás do carro que contém a urna funerária de meu pai, os pensamentos não param. Na verdade são mais velozes que os pneus dos carros que nos acompanham, e que o vento a soprar ao lado.Tanto, tanto, tanto por dizer, tanto por fazer, tantas lacunas descubro agora! Em contrapartida tantas montanhas removidas me vêm à lembrança! Tantos risos, tantos momentos mágicos, inesquecíveis, tanto colo, tanto aconchego...Não, não era santo, o meu pai. Como eu, como você, como qualquer um, era cheio de imperfeições, porém pródigo em qualidades... com um coração enorme, e colo sempre pronto a acolher e proteger...

Olho meu irmão, ao volante. Vamos todos, na última viagem em família. Falta Tati, sua "filha Tatelhana, que sempre foi tão bacana"... e que ainda não sabe de sua partida. E se isso for uma culpa, posso assumi-la sozinha. Nossa loira defende, neste momento, seu mestrado. São 14:07 min, estamos próximos a Jataí, enfrentando essa batalha, enquanto a loirinha enfrenta sua batalha pessoal pra depois se juntar à nós nesta dor imensurável, encarando essa partida.

Sim, sei que foi uma viagem anunciada. Sei também que nem toda partida precisa ser dolorosa. O problema é que, entre nossos defeitos, há o egoísmo. E mesmo sabendo que foi um até breve, um descanso talvez, não dá prá não sofrer. Pela ausência, pela consciência de não ter mais ali, ao alcance da sua voz, aquela pessoa tão amada e tão importante em sua vida.

Meu pai segue sua última viagem neste mundo, agora tranquilo, tendo ao lado minha mãe, que pranteia a partida de seu amor, companheiros de uma vida fértil e generosa.

Pai, vou sentir tanto a sua falta! Sei que onde quer que esteja, está melhor do que nos últimos dias. Prometo que não vamos sofrer e lhe causar sofrimento. Só o que precisamos, papai, é do tempo de chorar sua partida, e aprender a conviver com sua ausência.Por mais que não queira, a todo momento ouço sua voz, cantando "Carolina, Carolina, Carolina meu amor..." ou dizendo à mamãe "Bem, a fia é tão custosa! Porque ela teima assim??". Porque sou sua filha, seu Ney, com muito orgulho. E com o mesmo orgulho herdei tantos defeitos! Mas também qualidades, bem sei.Let it be, agora, no som. E me entristece ainda mais. Olho o Wan aqui ao lado, nariz congestionado pelo pranto silencioso. Como olhar este teu filho assim de perfil tão igual ao seu e não pensar neste vazio que já sinto em minha vida???Ah, paizinho, conversamos tanto, falei tanto com o senhor na noite em que ficamos juntos no hospital, e ainda assim parece que faltou tanto, tanto pra falar!!!O céu, fora do carro, é azul, azul. Cheio de nuvens branquinhas como algodão, que brilham ao sol. Branquinhas como seu cabelo. Parece que posso ouvir o silêncio em minha alma.

Quando o vô Nano foi embora, pensei que nenhuma dor pudesse ser maior do que a que me invadiu então.

Triste engano.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Scrapbook:


uma paixão!
E aqui duas paixões reunidas: João e scrap!
Na verdade esta página foi inspirada em uma revista de scrapp antiguinha, mas que gosto muito... modifiquei algumas coisas, acrescentei conchas (não ficou lindo?) e... voilá!

Incerto


















Sob as nuvens
.
traço rotas
.
que nem sempre
.
levam a algum lugar.
.
Sob as nuvens
.
sigo a traçar.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Questões que a greve me traz...



Chego à agência no meu horário, pronta para trabalhar, embora saiba de antemão que vai ser difícil em mais este dia de greve. Em frente ao prédio conversam o gerente geral, a gerente de segmento e um representante sindical. Ao lado, aparentando impaciência, uma colega da gerência média. Alguma coisa no ar me diz para não interromper, e passo por eles até a sala de auto atendimento, onde estão outros colegas reunidos.

"E aí, gente, como estão as coisas?"
"Ih, Lu, você perdeu o barraco. Fulana chamou a polícia para forçar a entrada na agência!"
"Putz, não acredito! Ela não faria isto, não é maluca!"
"Não faria? Pois fez!"

Retorno alguns passos e olho novamente as pessoas conversando lá fora lembrando que na quinta feira, primeiro dia de greve, os colegas que trabalham com Fulana há bem mais tempo do que eu afirmaram que ela furaria a greve, pois este é seu perfil, que ela não tem senso de equipe e desconhece o sentido da palavra corporação - e eu confiante a defendi, pedindo que todos lhe dessem um voto de confiança, já que ela havia dado sua palavra ao grupo. Neste dia em reunião com a administração da agência, foi decidido que seria mantido o funcionamento mínimo da agência previsto no PCI, e para tanto haveria rodízio de funcionários, estando sempre um gerente da área de atendimento pessoa física, um da jurídica, um de serviços e uma assistente rodiziando, além do gerente geral, número mais do que suficiente para tal.

Só que na sexta feira, motivado por ter saído da agência mais de dez da noite, o gerente resolveu fazer funcionar o PCI de fato, que infelizmente contempla um número inferior de pessoas que o mencionado acima, e Fulana de pronto pediu para ser convocada no lugar da gerente de segmento, que estava de licença saúde - solicitação rejeitada por todos colegas por não fazer parte absolutamente do combinado no dia anterior. Cabe registrar aqui que na quinta feira, enquanto as outras pessoas escaladas estavam fazendo o que tinha sido combinado, ou seja, contando dinheiro para manter o funcionamento mínimo do auto atendimento, Fulana estava trabalhando sua carteira, contatando seus clientes - o que foi fator preponderante para a permanência dos outros na agência até às dez da noite. Sim, porque Fulana infelizmente tem impedimentos que não a permitem permanecer até mais tarde na agência, então quem ficou para fazer a parte que ela deveria ter feito durante o dia foram os outros, claro. Neste dia então comunicou ao grupo sua decisão de na segunda feira retornar ao trabalho - diante do quê se decidiu que todos os comissionados da gerência média retornariam também, já que seriam apenas dois os representantes de um universo de dez; o que não ocorreu devido à presença de membros do sindicato e outros colegas defendendo a soberania da decisão tomada em assembléia geral da categoria. Isso foi ontem - e hoje aconteceu o que contei acima.

Bom... depois de saber o ocorrido pensei em conversar com Fulana e confirmar se havia mesmo acontecido como me tinham contado, tentando entender o que motivava uma colega a agir assim, chamando a polícia para colegas de trabalho, com quem ela convive todos os dias - e passei à ação quando a vi só na entrada da agência.

"Nega, você chamou mesmo a polícia pros meninos?"
"Chamei sim e chamaria de novo."
"Não acredito... você tá maluca?"
"Não, mas eu quero trabalhar. Ontem eu trabalhei, vendi seguro, fiz capacidade de pagamento de cliente, trabalhei fora, mas hoje quero trabalhar na agência e ninguém pode me impedir! Nós vivemos numa democracia e ninguém pode desrespeitar isso e me impedir de trabalhar!"
"Sim, nós vivemos numa democracia, e quem está ferindo este princípio é você, veja só: foi decidido em assembléia, e nós aderimos pela maioria, e quando você desrespeita isto, está desrespeitando esta democracia que invoca..."
"Não, não é assim. Se a maioria tivesse escolhido trabalhar e alguém quisesse fazer greve, eu não ficaria aqui tentando convencê-lo a não trabalhar, eu respeitaria."
"Se a maioria houvesse escolhido trabalhar não haveria nenhum maluco aqui fora fazendo greve, Nega. Mas o que eu tô falando pra você pensar é no absurdo de você chamar a polícia pros seus colegas, pessoas com quem você trabalha no dia a dia e vai conviver depois, pensa só no estrago para o clima na agência, o que eles vão..."
"Não quero saber o que eles pensam ou vão fazer, não me interessa a opinião de ninguém!" Foi nesta hora que o meu sangue subiu de vez e pensei que devia me afastar pra não deixar acontecer um clima ainda pior, pois me conhecendo um pouquinho sei que não ia ficar calada concordando com suas opiniões radicais.
"Se não interessa a opinião de ninguém, não serei eu a perder meu tempo aqui ouvindo você!"

Claro que o tom da conversa não foi ameno - e apesar de, ao abordá-la pretender somente conversar sobre sua atitude extrema e fazê-la refletir sobre isso, não consegui manter a calma como pretendia diante de seu tom de voz e modo de argumentar; e ambas elevamos um pouco a voz. Saí de seu lado tremendo, e muito abalada - não sei se de indignação, se de decepção, do quê. E fiquei pensando nos motivos que levam uma pessoa jovem, graduada, com pós graduação em andamento, várias certificações internas, membro da ECOA (Equipe que visa melhoria do clima na agência), a tomar uma atitude como esta, que remete ao obscurantismo da idade média e à tão repudiada ditadura.

Democracia, então, só é democracia quando eu faço parte da maioria? Democracia só é democracia quando atende aos meus objetivos e anseios? Capacitação técnico-téorica realmente valida alguém para gerir equipes, lidar com pessoas, mediar situações adversas? Liderança não depende de relacionamento interpessoal? Quando você apela para a força bruta não está reconhecendo que seus argumentos são ínfimos, frágeis, pífios? E que sua capacidade de negociaçaõ é mínima? E com isso prejudicando seu relacionamento com os colegas que convivem no seu dia a dia? Qual é a importância do clima no ambiente de trabalho para uma pessoa que toma uma atitude como esta? Como ficará o clima na agência em que um colega aciona a polícia para lidar com seus pares? Como será o clima na agência onde essa mesma pessoa assumir sua primeira gestão geral?

Estas e muitas outras questões fervilham em minha mente e sinto-me absurdamente sem respostas - ou sem palavras que representem respostas satisfatórias - porque tenho medo de abrir minha mente e perceber que, no momento em que gestores e mestres apontam a valorização de talentos e conhecimento tanto quanto o clima organizacional como caminhos para o sucesso na administração contemporânea, existem pessoas caminhando na contramão de tudo isto. E na contramão do que a própria empresa onde trabalha preconiza aos seus gestores.

domingo, 12 de outubro de 2008

Cenas de banco...


"Quem é Lu?"

A mulher se aproximou do ladinho da minha mesa, atrás do biombo que a separa do hall de atendimento, e perguntou baixinho pra mim.

"Sou eu." (Sorriso no rosto, marca registrada; mas na cabeça o pensamento: o que será que ela vai querer fora do contexto???)

"Eu sou Fulana, sua colega aposentada."

Meu sorriso aumenta, e meu olhar mostra a ela a minha disposição de atendê-la prontamente, o que, acredito, lhe dá confiança.

"Meu filho é Fulano, e trabalha na XXXXX (cita uma área do banco em uma grande capital)."

Meu sorriso, sincero e mostra de minha disponibilidade e boa vontade, continua. "Vim buscar o seu cartão."

"O cartão de seu filho?"

"Sim."

"A senhora tem procuração?"

Leve desconcerto no rosto, e a resposta pronta:

"Não."

"Então sinto muito. Sem procuração, não posso nem mesmo olhar se o cartão chegou."

Pequena pausa por parte dela, e volto minha atenção para o cliente que estava atendendo antes da interrupção, e que aguarda pacientemente sentado à minha frente.

"E a mulher dele, pode pegar?"

Paro novamente o atendimento ao cliente, que na verdade nem havia retomado, e olho para ela.

"Ela tem procuração?"

"Não, não tem."

Neste momento a colega da mesa ao lado avisa:

"Lu, telefone. É a colega do jurídico, e tem urgência."

Olho para a colega, aviso que já vou atender ao telefone. Olho para a colega aposentada, esperando do lado, junto as mãos num gesto que, para quem me conhece, demonstra o quanto estou achando esta situação absurda, e respondo com toda educação: "SE a senhora é funcionária aposentada, SE o seu filho é funcionário na ativa, a senhora não devia nem estar aqui, não é mesmo? Sabe que sem procuração não posso entregar."

Olho para o santo cliente à minha frente e peço, com gentileza: "só um minutinho mais, por favor." E me levanto para atender ao telefone na mesa ao lado, já que a minha está sem aparelho.

Dou dois passos rumo ao telefone e a mulher, indignada, aumenta o tom de voz: "que palhaçada é esta? Se sempre peguei, por que não vou pegar agora?"


Pela minha cabeça passaram várias coisas: que ela foi funcionária e devia no mínimo saber as regras da empresa e sobre sigilo bancário e segurança; que se o filho dela pediu que ela viesse buscar o cartão ele deve ser de alguma área de apoio, pois alguém da ativa e no atendimento a clientes jamais pensaria em colocar um colega numa situação conflitante como esta; que se ela é aposentada poderia ter procurado um outro colega que a conhecesse, já que na agência há muitos colegas com longa data de localização, e que esse colega poderia, conhecendo-a, assumir o risco de entregar o cartão e depois pegar a assinatura do filho dela no termo de entrega; que talvez por isso mesmo ela não tenha procurado nenhum outro colega; que é extremamente cansativo trabalhar num local e numa função onde o colega anterior esteve por mais de trinta anos e conhece até os futuros netos dos clientes e não primava por seguir as normas de trabalho da empresa; que já é a quarta pessoa só nesta manhã a me questionar por recusar fazer procedimentos em desacordo com as normas como o outro colega fazia; que tô cansada disso; que... ai, ai.


Paro antes de chegar ao telefone e me volto, devagar, segurando as palavras, para a cliente, colega aposentada. O sorriso já tinha ido e voltado, o humor também. Penso bem em que palavras utilizar, e apesar do tom de bom humor, porque no final acabei achando divertido ter que explicar para alguém que com certeza trabalhou na empresa muito mais tempo do que eu já tenho, acho que não sou muito feliz:

"Sim, senhora, eu sei que a senhora até pode ter feito isto sempre. Acontece que o outro colega, por conhecer todo mundo, entregava cartões ao filho, ao cunhado, ao papagaio, ao vizinho... e ele assumia a responsabilidade por agir fora do que o banco manda. Eu não."


Óbvio que a mulher ficou irada. Olhou-me de cima a baixo:

"É, só que eu não tenho nem leve semelhança com um papagaio!"


Começo a rir francamente, porque a situação realmente atingiu nível alto de hilariedade pra mim neste ponto:

"Senhora, foi só figura de linguagem. O que eu queria dizer é que..." e paro. Ela já tinha dado meia volta e se dirigido à escada, resmungando irritada.


Mais tarde fico sabendo que foi se queixar de mim à outra colega, que conhecia há tempos, de quando ainda estava na ativa. E me pergunto: porque, afinal, não foi pedir o cartão a esta colega? Teria nos poupado tempo e dissabores. Mas também este episódio que, no final das contas, foi divertido.

22/06/2007






















Madrugada insone, manhã de ar seco no coração do Brasil.




Apesar,


(da falta de grana, da falta de tempo, da falta de ânimo, de tanto mais)


a vida continua.






sábado, 11 de outubro de 2008

Sobre amar e não amar



Pergunto-me porque amar, às vezes, é complicado.
Devia ser simples: eu amo, e pronto. E ponto. 
Mas não é. Nem sempre é.
Porque a dificuldade em aceitar o outro como ele é?
Porque medos e inseguranças sobre o sentimento do outro?
O que importa não é o que sinto? Não é isso o que me faz feliz? Claro que se amo e sou amada (e tanto o objeto de meu amor quanto quem me ama são a mesma pessoa) é muito melhor.
Claro que a certeza de ser amado por quem se ama traz paz, traz aconchego pra alma da gente. E porque esta certeza é tão difícil?
Porque é preciso ter o tempo todo demonstrações de amor, de necessidade, de dependência?
O que me fortalece, quando amo, é a força do outro. A sua integridade, independência, felicidade. 
Não preciso que ele dependa de mim pra nada - preciso sim, que ele queira estar comigo. E que isto seja uma opção, não uma necessidade incontrolável - porque a certeza de que meu amor está comigo porque quer assim é muito melhor do que a constatação de que ele está comigo porque depende de mim, do meu amor, da minha presença. 
O amor, prá mim, não gera dependência. É lindo, sim, "tu te tornas responsável pelo que cativas". 
Mas vejo esta responsabilidade como algo espontâneo e leve, não obrigatório e pesado. 
Se estou contigo, amor, é porque quero. É porque a cada amanhecer abro meus olhos e penso que escolhi estar contigo mais este dia que nasce. É porque trago no coração a certeza de que estar com você me completa e faz mais feliz. 
Se estou contigo, amor, é porque escolhi. E é isto que traz valor ao nosso amor: escolhemos um ao outro. 
E em tempo algum isto pode se tornar um jugo, porque aí perde o valor, e perde-se o amor.
São quatro da manhã e estou aqui, insone, a filosofar sobre o amor - tanto pra falar, mas os sentimentos e idéias são inúmeros, e as palavras não fluem com a rapidez dos pensamentos... então, melhor apagar a luz e olhar o sono chegar. Bem devagar. Pensando no amor - e no meu amor.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

06/09/07

Dias...
No coração do Brasil, me sinto só.

Sob o sol,sob o céu,sob as estrelas.

No coração do Brasil, sigo a buscar.

Um rumo,um prumo,um motivo.

No coração do Brasil, sem inspiração.

Pra escrever,pra sonhar,pra viver.





(Momento de solidão no cerrado)




Gatos...



Primeiras tentativas de pintura em tela... adoro experimentar!

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Confissões de uma mãe tiltante


- Mãe, você não conhece esta pessoa???

A pergunta vem de Paula, que coloca sobre o guichê do caixa onde estou trabalhando no primeiro dia de greve, uma revista lacrada, endereçada ao assinante. O assinante em questão, coincidentemente a pessoa a quem ela se referia, atende pelo nome de Maya.

- Como assim, não conheço sua irmã?

- É o que o Mota disse! (O Mota é um dos vigias da agência)

- Não entendi...

...

Simples. Dias atrás (quando não me lembro, se não me lembro nem mesmo do fato ocorrido a não ser pela versão ouvida de Paulinha) ele (o Mota) com a revista na mão me pergunta:

- Dona Lu, como é o nome de sua menina?

- Paula.

- A senhora tem outra filha aqui?

- Não.

- E Maya de Assis Fernandes, a senhora conhece?

- Não, Mota, não conheço.

...

E agora sou ameaçada por uma filha (essa é Paula) que não resiste e diz: vou ter que contar!Antes que ela conte, aqui estou eu. A meu favor? Talvez amenize um pouco o fato de definitivamente não haver em minha memória o mínimo vestígio do fato narrado acima, e que muito provavelmente aconteceu numa das minhas idas e vindas entre clientes querendo algo urgente, um colega pedindo o cartão ou a confirmação de um comando efetivado ou outra correria qualquer pela agência... ou quem sabe estou surtando de vez e isso pese também a meu favor? rsssss... vá saber....

...

Este é um blog pra crônicas... por isso fiquei em dúvida se escrevia aqui ou no Confidêntia, lugar de sentimentos... mas pesou aí o fato de precisar inaugurar este espaço... então, Maya, eis-me aqui a assumir minha culpa, minha máxima culpa. Com todo amor, claro.

:)

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Eu, Leão.


"Eu, leão, todo emoção, cheio de razão.
Eu posso, eu faço, eu aconteço.
Tá com medo? Vem cá, repousa na minha a tua mão.
Encosta no meu ombro, descansa no meu regaço,
que meu colo é porto onde acolho os amigos,
aqueço seu frio, ilumino suas sombras.
Eu, leão, dono de mim.
Cheio de razão, eu, leão.
Posso, faço, aconteço.
Protejo, guardo, revolvo segredos,
removo montanhas, resolvo problemas.
Eu, leão.
Dono de mim.
Eu, felino, cheio de graça, de raça, de manha.
Eu, Leão.
E meus medos, minha frágil essência, minhas dúvidas...
Ah... esses, escondo.
Porque sou leão, sou rei, soberano, sou sábio, sou.
E não me exponho.
Eu, leão.
Fragilidade pura e absoluta.
E só quem quem permito penetrar minha couraça,
quem vê sob a aparência é que percebe o quanto preciso de colo,
o quanto busco abrigo, o quanto...
eu, leão."

Falando em amor...





"... vou falar de mim. Como filha e como mãe. Um pouquinho só porque sei que não conseguiria dizer tudo o que talvez seja necessário – até porque começo e meus pensamentos por vezes se dispersam
A primeira lembrança que tenho na vida sobre “o que eu quero ser quando crescer?” é: “mãe”. 
Depois veio “jornalista”. 
Mas a primeira foi “mãe”. 
O amor que tive por meus irmãos – os três – foi incondicional. 
Sandro, talvez pela pouca diferença de idade entre nós, era como um bibelô. A vida toda, quando éramos pequenos, eu o defendia de tudo e de todos. E não me lembro de uma única vez, em todas as brigas de irmãos que tivemos, que eu houvesse levantado a mão pra ele. 
Quando Wan chegou, eu tinha oito anos – e pra mim, Deus tinha mandado aquele menininho lindo e inteligente por minha causa – era um presente de Deus pra mim. Da mesma forma, eu o defendia também – mas ele, de alguma maneira, era bem mais forte que o San. Sem contar que era o xodó de toda a família. 
Aí, aos meus dezoito anos, veio a Tati – e também foi como uma filha. Melhor, na verdade, pois eu não tinha obrigação de educar, só precisava amar e mimar. Mas claro, não foi só assim: quantas vezes conversamos, ela pequenininha e eu explicando porque não podia isso, porque não podia aquilo... 
A vida toda minha relação com meus irmãos foi de amor total e incondicional – mesmo quando, depois de crescidos, tínhamos divergências de opiniões ou entramos em atrito – porque esse amor gerou uma amizade que não tem preço. 
E que dá a certeza de meu lugar no mundo. 
E se, lá atrás, quando eu era pequenininha, tudo o que eu queria era ser mãe, com certeza é porque “mãe”, pra mim, era a melhor coisa do mundo. Pra pensar assim, eu tinha que ter a melhor mãe do mundo. E tive. Apesar de toda a divergência de pontos de vista que temos hoje, mamãe e eu, ela foi a melhor mãe do mundo – e eu não seria, nunca, nem a metade do que ela foi nas circunstâncias em que os filhos chegaram à sua vida. Com vinte anos mamãe tinha dois filhos e um marido irresponsável, que com o tempo se tornou alcoólatra. Veja bem, não estou aqui criticando meu pai, até porque acredito que ele foi o melhor pai do mundo – de verdade. Quando se conscientizou da importância do papel de pai, quando conseguiu se libertar do vício. E foi o melhor avô que meus filhos poderiam ter tido – sempre presente, brincando, ajudando, brigando, oferecendo colo. Não estou, de forma alguma, desmerecendo papai. Só estou contando que, por muito tempo, foi muito difícil para mamãe: casou nova; sem terminar sequer o segundo grau; porque já vinha de uma história familiar complicada (e apesar de tudo, você pode ver como ela e seus irmãos são unidos e amigos); sem profissão definida; com filhos pequenos e sem o apoio do marido. Sei que eu não teria sido metade da mãe que ela foi. Poderia contar pra você histórias e histórias sem fim de como ela fez empadas de batata e foram os salgadinhos mais deliciosos na festa da escola; de como ela saía comigo e meus irmãos pegando dois ônibus para passarmos um dia no clube; de como ela cuidou por dois anos de três filhos pequenos sendo que um, nesse período, passou por várias cirurgias e não podia nem ir ao banheiro sozinho; de como ela reformava, lavava e passava, deixando como novas as roupas usadas que ganhávamos; de como ela encheu de magia cada dia das nossas vidas com suas histórias e riso fácil; tantas histórias eu poderia contar! Mas não vem ao caso: eu só queria dizer que, se eu desejava mais que tudo na vida ser mãe, é porque eu tinha motivos mais do que suficientes pra achar que ser mãe era a melhor coisa do mundo. 
E eu não sabia que podia haver no mundo amor maior do que o que eu sentia por meus pais e meus irmãos – até o dia 25 de dezembro de 1985. 
A partir desse dia, descobri que ser mãe não é só a melhor coisa do mundo: é também a pior. 
Os piores medos, as piores dúvidas, os maiores anseios. E se meu filho não for "perfeito"? E se eu não conseguir educá-lo? E se ele ficar doente? E se ele não puder andar? E se ele não aprender a falar? E se eu não puder mandá-lo pra uma boa escola? E se ele não for inteligente? E se ele não fizer amigos? E se os amigos zombarem dele? E se algum maluco machucá-lo? E se ele não tiver namorado(a)? E se ele usar drogas? E se ele resolver roubar? E se ele se meter em brigas? E se ele não entrar na faculdade? E se ele não encontrar ninguém decente pra casar? E se ele não tiver filhos? E se ele tiver filhos e estiver longe de mim? E se seu(sua) companheiro(a) não gostar de mim? E se? E se? E se? 
Aí, num período da minha vida, me vi sozinha com três filhos. 
Como se diz no Rio Grande do Sul, “mais perdida do que cusco em procissão”. 
E se eu já me preocupava com eles, a partir daí essa preocupação dobrou, triplicou, sei lá. 
A sorte é que éramos amigos – sempre acreditei que deve haver amizade entre pais e filhos. 
Claro, sem esquecer o respeito e o laço mãe-filhos, ou pai-filhos. 
E a partir de então, essa amizade se fortaleceu. Minha amizade com Paula, Maya e Matheus sempre foi muito transparente – por mais que eu tenha errado. 
Sempre decidimos tudo juntos, e partilhei com eles minhas incertezas, meus medos, minhas dúvidas – por mais que isso fosse errado. 
E sempre tentei decidir tudo em nossa vida, principalmente quando morávamos todos juntos, de forma “democrática” e justa para todos – por mais que, muitas vezes, tenha que ter sido assertiva e impositiva. 
E essa amizade, essa relação, é baseada na confiança e na liberdade. 
Por vezes sou questionada: será que com o pai deles há essa atitude, há essa cobrança? Será que com o pai eles fazem isso, fazem aquilo? De verdade? Não me interessa. Não mesmo. 
Importa pra mim a relação que eles têm COMIGO – e pronto. 
Nunca, em momento algum da minha vida, pautei meus relacionamentos com base na comparação.
E não quero, nunca, que o relacionamento dos meus filhos comigo seja igual ao comportamento deles com o pai. 
O nosso relacionamento – eu, Paula, Maya e Matheus – nós construímos ao longo tempo, com nossas atitudes – fossem elas altruístas, egoístas, estúpidas, como quer que fossem. 
E é único: com Paula, com Maya, com Matheus."
________________________________________________________
Trecho de uma carta não enviada falando sobre meus sentimentos.
________________________________________________________