quinta-feira, 31 de julho de 2008

...

 













Amo-te tanto e não sabes
como me ferem 
as amarras com que tentas 
me cercear.

Sou pássaro
e preciso do vôo
sob o céu 
sobre o mar
 sob o sol
 pra viver.

Liberdade é meu alimento
 minha força 
meu sustento. 

Se me amas como te amo
 solta-me os grilhões
 deixa-me voar!

terça-feira, 29 de julho de 2008

Em qualquer outro lugar...






















É no mínimo muito estranho se ver pelos olhos dos outros. 
Pelos olhos dos nossos filhos, então? 
Pode ser um choque.
.
"Mãe, ela lembra você."
.
O comentário veio de Paula, e não se referia à aparência. 
A comparação era com o personagem de um filme que assistíamos numa tarde de domingo, de preguiça e sol, e que eu estava achando abominável. Não o filme, o personagem.
Em um momento do filme, inadvertidamente e sem nenhum preparo para tal, a mãe se vê pelos olhos da filha. Meu sentimento, expresso em palavras: "bem feito!".
"Como, afinal, uma mãe pode ser assim? Querer sonhar o sonho de seus filhos, decidir a rota de suas vidas? Que absurdo isso!"
E o olhar arrevesado de Paula, no tapete, me coloca na defensiva incontinenti: "EEEUUU nunca fiz isso! Nunca sonhei os sonhos de vocês!"
O "não, mãe, claro que não" acompanhado de outro olhar extremamente eloquente (embora indecifrável) me põe maluca. Como saber se ela está sendo honesta, se está sendo irônica, se está sendo generosa?
Então, no fim do filme, bem no finzinho, quando a menina fala de como será o mundo quando sua mãe partir, euzinha, do alto de minha modéstia ímpar, concordo: "é, filha. Tem tudo a ver comigo!"
Suspiros: "ai, mãe."
Pior.
Em alguns momentos identifiquei-me com a mãe. 
Perdida, confusa, insegura, pateticamente solitária e cheia de sonhos, tentando acertar e errando, errando, errando. 
Caraca! Não adianta querer ser perfeita, impossível!!! É da natureza humana ser imperfeito.
E por vezes, sou humana em demasia - com grande dificuldade em conciliar as diversas personagens que convivem em mim: a mãe, a mulher, a profissional, a irmã, a sonhadora, a filha, a amiga, a amante, tantas! 
Tantos conflitos!
...
E penso que, afinal, deve ser mesmo assim.
...
Embora continue sendo um choque se vislumbrar através de outros olhos - principalmente quando são olhos que você gerou.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

"A MASSAI BRANCA"




Ontem assisti a um filme com Paulinha, e após três ou quatro filmes assistidos pela metade (sim, eu dormia em algum momento!), o de ontem assisti todo.
Completamente desperta e envolvida pela história, pela fotografia, pelos personagens.
E esse filme me fez lembrar Vera, e nossa última conversa via depoimentos no Orkut.
Eu ia escrever mais e mais sobre o filme, que gostei muito e que me disse muito, mas... se escrever, minha conversa confidencial com Vera deixa de ser confidencial.
Então, agora só quero dizer que o filme é ótimo.
Tudo bem, sei que não sou nenhuma crítica de cinema (nem almejo tal coisa!), mas como alguém que gosta (muito) da sétima arte, e como pessoa, adorei o filme.
Recomendo. ... Vera, assista ao filme.
Aí conversamos mais sobre questões existenciais, ok? ...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Inverno na Bahia




















Essa chuva
esse frio
essas tardes sem sol

E esse vazio
essa falta de tesão pela vida

Resultam em suspiros
em angústias
em vazios

que não sei preencher.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Tanto mar...



É o nome de uma música do Chico, que fala da revolução dos cravos, em Portugal. E que amo. Remete também à música "amo tanto e de tanto amar acho que ela é bonita..."
Numa lan, depois de duas roscas (deliciosas, de morango), sob o peso de uma saudade imensa de coisas intangíveis... como passear no shopping (McDonalds, Fredíssimo, cinema), como discutir dúvidas existenciais, como falar de moda e rir de coisas bobas, como discutir livros na vitrine, como olhar o que tem de bom e de ridículo na moda da estação, como reafirmar que é bom ter personalidade (ou pelo menos se iludir que tem...), como fazer palavras cruzadas, como jogar stop, como ter crises de riso sem quê nem porquê... e de coisas tangíveis, como seu riso (como assim, seu riso não é tangível???? Tudo bem, não vou discutir com uma quase física...), como a bagunça organizada do seu guarda roupa, como seu abraço, como sua presença (e sim, sua presença é total e completamente tangível pra mim)... leio seus posts no seu blog, e me preocupo... será que você herdou de mim essa inquietude, essa insatisfação (ops, não! Não sou insatisfeita... diria mais esse questionamento eterno...)... não, você não herdou nada. 
Coisa idiota essa de mãe querer dizer que o filho herdou o de melhor dela... ou o de pior, sabe-se lá... coisa bem idiota!
Você não herdou nada, tem suas próprias dúvidas, seus próprios questionamentos, você é mais do que uma herdeira... você é muito mais do que isso... muito melhor que isso... eita que eu ia falar mais, mas tocou o celular e era seu padrinho tomando umas e falando como você já sabe... aí, perdi o fio da meada... mas acho que o que eu queria falar era que, apesar de saber de sua inquietude e de toda insatisfação que ela gera, sei que você é mais feliz assim do que se fosse uma menininha dessas de sonhos cor de rosa que acha tudo lindo, não questiona nada e se conforma com pouco... 
aliás, o nome desse texto devia ser Maya. 
Ou recadinho para Maya.