quinta-feira, 30 de junho de 2011

Sobre moda e modismos

"O povo tem que entender que SUSTENTABILIDADE não é moda!"



Um colega postou este comentário no site interno do trabalho. A única pessoa que tinha comentado algo sobre sustentabilidade (tínhamos que opinar sobre um tema para a próxima edição de nossa revista corporativa, escolher entre "eventos" e "brechós") era eu. Senti como se aquele comentário fosse pra mim, como se minha preocupação com sustentabilidade fosse apenas "uma onda". A vontade que tive foi de retrucar dizendo que não se pode julgar sem conhecer... mas achei melhor não 'causar'. Pra quê dar ibope? Fiquei na minha, mas remoendo aqui na cachola minhas caraminholas...  primeiro que, pra escolher foi ph%$#!!!! Logo euzinha, que adoroamo eventos, trabalhei anos com isto, não abandonei nuncajamais. E que sou viciada em brechós, sebos, amoadoro o cheiro de coisas usadas, imaginar as histórias que trazem e as possibilidades ocultas em si. Mas tudo bem, fui lá e opinei que, na realidade da empresa a matéria sobre eventos seria muito mais adequada no momento, mas que eu adoraria uma matéria sobre brechós, por estar no meu ano sabático e ter a ver com reutilizar, reaproveitar, reciclar... aí a pessoinha que não me conhece vai lá e fala esse "abiçurdo" aí de cima. Putz, "abiçurdo" sim, porque absurdo apenas não refletiria como me senti na hora, viu?
Eu separo o lixo, eu guardo vidros/embalagens/caixas para reutilizar, eu customizo roupas, eu pratico carona solidária, eu reformo móveis, eu evito descartáveis (criei meus filhos com fraldas de pano!), eu sou a 'ecochata' no trabalho, caramba!!! E isto não é de hoje, ou de ontem. É de muito tempo. Não sou perfeita, não sou o melhor ou maior exemplo de bons hábitos mas cacilda, eu tento!!! Eu faço o pouquinho que consigo, que posso, e sei que o meu pouquinho faz, sim, diferença. O meu pouquinho com o pouquinho de cada um vira muitão, tantão. E se estou num "ano sabático" é por vários motivos, e nenhum deles é "moda". Estou tentando dominar minha compulsão por compras desnecessárias, supérfluas. Estou tentando sanear minhas finanças. Estou tentando me tornar uma pessoa melhor. E por isto mesmo vou terminar de postar aqui e vou ao banheiro: minha mãe sempre disse que a raiva sai no xixi. Se bem que nesta altura já não resta muita coisa pra sair, metabolizo as coisas ruins com relativa facilidade. 

=)

P.S. sim, eu sei. Nem era pra tanto. Mas tem coisas que mexem comigo sem explicação, e esta foi uma delas. E eu tinha que postar hoje, e a indignação tinha sugado toda minha inspiração... então resolvi falar sobre.

=)

terça-feira, 28 de junho de 2011

Cotidiano

O dia abafado tinha começado errado – o filho de seis meses havia acordado febril e choroso, demandando mais cuidado e atenção que de costume; a vizinha que adorava conversar apareceu pra um chimarrão fora de hora; o gás acabou quando o almoço ainda estava pela metade.
Este, terminado às pressas, às pressas foi servido para as filhas, que já estavam com o tempo estourado para a escola.
A menor, de cinco anos, olha pra mãe e diz:
“mãezinha, tenho que terminar a tarefa que a tia mandou.”
“Como assim, terminar a tarefa, filha??? Você não fez tudo pela manhã???”
“Faltou grampear.”
A mãe corre até a prateleira onde fica o material de apoio da escola - a sensação de urgência e os cabelos que caíam pela nuca aumentavam o calor e a irritação.
Na mesa da sala, as duas filhas pequenas encostadas, apoiadas nas mãos, esperavam.
Ela chega, pega o trabalho e o grampeador não funciona.
Um pouco mais irritada volta até a caixa, pega grampos e abastece o grampeador – que novamente não funciona.

“Mana”, diz a mais velha se afastando, “vamos pra lá que a mãe tá irritada.”
Incontinenti, senta no degrau da escada que leva ao pavimento superior e fica quieta, já conhece a mãe, sabe quando está prestes a perder a paciência.
A irmã, ao contrário, continua onde estava, observando a mãe que luta em vão pra consertar o grampeador antigo, propriedade querida do pai desde os seus tempos de infância.

“Mãe, você tá irritada?”

A mãe, sem pensar, levanta a mão com o grampeador e arremessa, com força.
Não na filha, mas numa trajetória perigosamente perto, rumo à parede onde ele se despedaça em mil pedacinhos.
A filha, estrategicamente sai e, sentada ao lado da mais velha, diz:
“É, mana, a mãe tá irritada.”
Ri.
Não sabe se de susto por ter feito aquilo sem pensar, correndo o risco de acertar a pequena; se de susto ao perceber que, no ímpeto da irritação havia destruído o grampeador de estimação do marido; se pelo simples fato de ter quebrado algo deliberadamente, coisa que nunca havia feito; se pela tranquilidade da filha constatando sua irritação gratuita.
Não sabe bem porque, mas a irritação acabou.
Desapareceu, por encanto.

Pega o trabalho, as filhas, as mochilas das filhas, as lancheiras das filhas, o filho acomodado no bebê conforto, coloca tudo no carro e parte rumo à escola.
Um dia comum na sua vida.

sábado, 25 de junho de 2011

Pra toda vida



Maya dorme no quarto dela, a portas fechadas.
Paula dorme no meu quarto, com a porta aberta.
Matheus dorme no colchão da sala.


E o silêncio de seu sono é a canção mais linda no meu coração.


Dia 49 - "Vão-se os anéis..."


"Você precisa ver os anéis que estou vendendo! Um luxo, você vai amar!"
"Anéis? São uma das minhas perdições... tenho certeza que amarei mais de um, você tem bom gosto... por isto mesmo, não quero ver, obrigada."
"Ah, não, mas eu divido a perder de vista, não fica pesado, vou trazer!"
"Não, obrigada. Não posso comprar por um ano."
"Não vai comprar anéis por um ano? Imagina!"
"Não comprar anéis, acessórios, sapatos, roupas..."
"Imagina!!! Um ano sem comprar estas coisas, que mulher consegue isto??? Nenhuma!!!"
"Eu consigo. E conheço algumas outras que também conseguem."
"Fala sério!"
"Estou falando sério."
.
A conversa acima aconteceu ontem, no meu horário de almoço, no salão onde faço as unhas quinzenalmente. Quem convive comigo percebe que tenho um fraco (outro!) por acessórios, e anéis são o ponto fraco do meu ponto fraco - amo. Talvez por ter uma orelha rasgada, o que me impede de usar brincos. Imagina quem faz as minhas unhas, então? Claro que repararia nisto, e claro que me ofereceria. Coube a mim resistir, e foi muito bom não sentir sacrifício nesta atitude. Sobre (algumas) sensações e reflexões a partir daí:
1. Uma das coisas que aprendi nestes quase dois meses sem compras é que é muito melhor não me expor à tentação em demasia. Não isto, não quer dizer que não vou mais a shoppings, templos de consumo. Quer dizer apenas que não preciso ficar me testando sempre - principalmente com coisas que gosto muito. A experiência, dependendo do meu humor momentâneo, pode ser ruim. Então, não foi ruim nem mesmo olhar os anéis, falando sério - porque sei que me sentiria tentada. Anéis são algo que, definitivamente, não preciso. Não são absolutamente necessários.
2. Acho interessante dizer que não vou olhar, nem comprar, por estar em um ano sabático. Isto traz algumas reações bem legais: primeiro, a incredulidade de quem ouve - tanto com relação ao meu propósito como com relação ao sucesso dele. Segundo, as pessoas param de insistir, e isto é algo fantástico! Porque o bom vendedor desenvolve um feeling pra identificar os pontos fracos do cliente e a partir daí, usar a abordagem de maior efeito para sua venda. Mas também usa este feeling para detectar quando deve parar, ou respeitar o não do cliente. E é isto que tem acontecido comigo quando digo não.
3. A cada dia descubro mais e mais que compra tem muito mais a ver com carência, propaganda e atitude do que com a real necessidade de adquirir aquele bem. Este curto período de abstinência tem mostrado isto com uma clareza incrível! Todo o dia, em todo o lugar, a todo momento, tem uma propaganda mostrando algo novo (ou repaginado) essencial para sua vida. Ou sua satisfação. Ou sua felicidade. E a gente vai se deixando levar, acreditando que estas coisas são mesmo fundamentais para sermos felizes (breve escreverei um post sobre isto!). E se estivermos num momento carente, então? Fala sério! Olhar vitrines, experimentar coisas bonitas e escolher uma pra levar pra casa tem o mesmo efeito (fugaz, neste caso) de uma terapia - funciona que é uma beleza a curto prazo!!!! Mas a longo prazo... traz, por vezes, apenas mais um ítem pra se somar a uma pilha de outros desnecessários e não utilizados.
4. Por mais que pareça inacreditável para outras pessoas, que pareça hercúleo exercitar o 'não comprar', não é algo assim tão difícil. Verdade. É mais ou menos como começar uma dieta, ou a academia: é preciso uma carga de dedicação extra pra começar (a lei da inércia agindo), mas depois que nos acostumamos não é tão difícil assim continuar. E o melhor de tudo é que traz prazer, sensações de realização e satisfação.
Acho que agora vou procurar uma academia!   =)

domingo, 19 de junho de 2011

Dia 41 - Compras necessárias

Não contei com detalhes, mas me mudei dias antes de tomar a decisão do ano sem compras.
Saí de um apartamento enooooorme no centro, onde morava com minha filha e dois amigos dela, para um aparmento de dois quartos no bairro. Era uma fase em que, além de trabalhar muito, estava com os finais de semana todos tomados, por um ou outro motivo - e aí, obviamente, a bagunça começou a ser arrumada em capítulos.
Comecei a me instalar pelo segundo quarto, onde coloquei roupas, sapatos, livros, fotos, minha cômoda linda onde guardo material de artesanato... mas aí, no meio do caminho, minha filha que estava alugando uma quitinete no centro teve problemas com o contrato, e se viu com o apartamento anterior entregue e sem um novo pra morar. A solução mais óbvia (eu já a tinha convidado desde o começo) era vir morar comigo. Mas aí, né, fala sério: eu já tinha me espalhado, aff! Então tive que refazer algumas coisas estratégicas, mas a sala ficou entulhada de coisas:

1.  minha cômoda (com o espelho do móvel que foi pra Paula em cima);
2. minha mesa (que na verdade é uma mesa de varanda, de madeira maciça, mas que amo e não quis me desfazer) e cinco cadeiras;
3. a mesinha de escola com o microondas em cima, que Paula e Matheus vão levar com eles quando vierem, semana que vem;
4. duas caixas enormes que eles vão levar também (e eu nem me lembro mais o que tem dentro);
5. uma mala antiga da mãe do irmão deles (sim, meus filhos tem um irmão por parte de pai, que é quase meu filho também);
6. o cabide de bolsas (cheio delas) da Maya;
7. o sofá rasgado que ficava no segundo quarto (apesar de gostar mais dele, tá horrível, precisa reformas urgente);
9. o sofá (preto) da sala (que é de couuro sintético, gelado);
10. o baúzinho redondo onde guardo roupas de cama;
11. as caixas onde guardo fotografias (estão sobre o baú);
12. a mala antiga, decorada com fotos P&B que comprei na Benedicto Calixto, em Sumpaulo;
13. meu armariozinho antigo que revesti de contact preto;
14. uma estantezinha baixa, de duas prateleiras, que comprei na Tok & Stok;
15. um pufe azul em forma de meia lua;
16. a cama elástica da Maya;
17. zilhões de almofadas coloridas;
18. um tapete claro (imundo, que não consigo limpar);
19. um rolo de plástico bolha que herdei ao alugar a casa;
20. o protótipo de uma estante que fiz com lixeiras redondas, tipo pvc.
21. uma caixa de roupas para doação, que Maya quer trocar num brechó.


Baú/mala da Benedicto Calixto, onde guardo cds/dvds antigos.

Dá pra imaginar que tá uma zona total, não? Então ontem, sábado lindo de sol em Curitiba, acordei inspirada e pensei que ia diminuir um pouco esta bagunça: coloquei no carro quatro caixas cheias de coisas pra doação (utensílios, roupas, livros, revistas, um liquidificador, um registro de gás, coisinhas), uma televisão antiga de 14 polegadas, uma estantezinha para TV que herdei junto com a casa e fui até o asilo São Vicente levar tudo. Não, estas coisas não constavam da lista aí de cima.
Peguei duas portas de um guarda roupa velho (quando Maya se mudou pra cá, o meu guarda roupa que tinha deixado com ela estava inutilizado, todo mofado, ficava encostado na parede do quarto com o banheiro. Salvei as laterais e uma divisória, para usar futuramente como prateleiras), fui até um marceneiro aqui perto e cortei no tamanho para colocar as prateleiras no meu quarto, ao lado do guarda roupas, atrás da porta - resultaram em cinco pranchas de madeira. Problema: a furadeira (emprestada) não tinha broca no tamanho seis. Eu tinha cinco pranchas de madeira e apenas quatro jogos de mão francesa (guardados da Bahia, que a Maya queria porque queria que eu tivesse dado). E não tinha parafusos e buchas suficientes. Resultado? Fui à Cassol, comprei a broca, os parafusos, um jogo de mãos francesas. Gastei R$23,15. Pois é, foram as primeiras compras de algo que não alimentação/higiene que fiz nestes quarenta e um dias sem compras - e é algo que se encontra no absolutamente necessário que entendo.
E agora vou terminar de colocar as prateleiras que comecei ontem, e que vão resolver uma parte (pequena) do meu problema.
A parte maior vai ser decidir qual sofá permanece, já que os dois deixam a sala muito cheia e não gosto assim. Mas aí, finalmente, a sala ficará habitável, agradável - e a energia poderá fluir.

Esta cômoda, meu xodó, veio da Síria,
segundo o vendedor da loja de usados onde a comprei. Não é linda?





sábado, 18 de junho de 2011

Choque de gerações




Ela está sentada no bar, tomando um chope enquanto aguarda a amiga que não chega. Pelo espelho vê o gato olhando fixamente pra ela, do outro lado. Disfarça, arruma o cabelo e olha de volta, pensando que ele é mais novo, bem mais novo. Mas é lindo, maior de dezoito, faz sombra no chão. Pede outro chope, se vira e vê que ele continua olhando, fixamente. Retribui o olhar e sente um calorzinho pelo corpo, subindo até a cabeça: é o ego, aquecido pela situação, afinal ela não está tão mal assim, aos quarenta e poucos, e aquele gatinho lindo dando o maior mole. Esboça um sorriso, meio tímido, meio provocante. Na porta, a amiga chegando, ela acena. O gato levanta-se e vem até ela, sorriso aberto. Nossa, ele é um verdadeiro deus grego, nossa!!! Sorri de volta, e quando ele chega bem pertinho fica sem saber direito o que fazer. Ele resolve o problema, estendendo a mão e perguntando:

"Tia, você não é a mãe da Fulana?"

Choque. Total e absoluto. Tia???

"Sim, sou. Você?"

"Eu sou o fulaninho, brincava com ela na sua casa quando era pequenininho..."

"Bem que eu pensava estar te reconhecendo..."

Saída honrosa pra um ego dilacerado.

=)

terça-feira, 14 de junho de 2011

Aventuras de uma semcartão nas terras do shopping

Antes de começar o post fui ao Michaelis conferir o significado da palavra que usamos muitas vezes sem tanta propriedade, masoquismo.
"2 por ext O que parece procurar sofrimentos físicos ou morais, como autopunição a ato de que seja culpado ou se julgue culpado."
Pois, pois. Amanhã é aniversário de uma colega de trabalho, e temos uma caixinha para comprar presentes de aniversariantes do mês, e lá fomos nós ao Mueller comprar o presente dela, eu, Andrey e Nei. Já comentei aqui que praticamos o transporte solidário, então tínhamos que ir os três.
Posso falar? Foi uma experiência torturante - e fascinante. 
Primeiro, porque os meninos são uma delícia de pessoas, a maior paciência pra andar, olhar, opinar. Fomos de cara à Cia da Roupa, onde a aniversariante é cliente assídua. Gostamos de muitas coisas, algumas além do que podíamos pagar, outras aquém do que desejávamos, mas não chegamos a um consenso. Gente, umas lojas ótimas, coisas lindas, e esta pessoa aqui que não pode comprar quase surtando!!!! Fomos à Osmose, e compramos um lenço maravilhoso. Dali fomos à Tuteti, ah, God! De verdade? Foi o pior de todos os piores que eu podia imaginar! Lá tem coisas e coisinhas que eu piro, lenços, cachecóis, chapéus, boinas, luvas, acessórios, sapatos, aaaaaaaffffffffffffffff!!!! O Andrey só dizia "olha o foco, Lu, olha o foco!". Contei a história de "um ano sem compras" pras vendedoras, que adoraram a idéia mas me acharam muito corajosa. E compramos uma luva linda. Foi bem legal, viu? Dali fomos até a Balonê, onde terminamos as compras, como um broche dourado lindo, lindo.
Pensa que acabou? Não, não acabou, o pior está por vir.
Saindo da Balonê, dois carros da Citroen expostos: o C4 e o C3 Picasso vermelho. Gentemmmmmmm!!!! Pára tudo!!!! Quem me conhece sabe que não sou muito ligada a carros. Minha lista dos desejos em questão de carros é bem pitoresca: adoro o Beetle (amarelo), o Twingo (acho muito fofo!), o KA (modelo antigo), o Crossfox (amarelo), o Smart, o Mini Cooper, o Pt Cruiser, o 500, o Kia Soul... e hoje, uau, me apaixonei pelo C3 Picasso, fala sério! É lindo, confortável, alto, ai, ai... tá, chega.
Subindo as escadas estávamos a caminho da saída, o Andrey disse "ah, gente, eu preciso ver o ipad...". Entramos na a2you, e eu que não sou muito de novidades tecnológicas, fiquei babando, fala sério! O ipad entrou na minha lista de desejos... pra sabe Deus quando.
De dentro da a2you enxergo, do outro lado, "o melhor bolo de chocolate do mundo". Vocês sabem pessoas, adooooooro essas sacadas diferentes. É, é o nome da loja. E sim, é muuuuuuuuuuuuuuuuuito bom. Nossa, uau! E muito caro também, fala sério. Acabado? Não, não. Na saída passamos justamente onde? No corredor das revistas, affff!!!! E afffffff de novo, ai, ai, difícil, viu?
...
O que pensei que seria fantástico, aproveitar a oportunidade de usar a verba da equipe e dar vazão ao desejo reprimido de comprar foi, na verdade, uma experiência dolorosa. Não, definitivamente não sou masoquista. Doravante, prefiro repetir o menos possível.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Paradoxos cotidianos

Eu tinha dezessete anos, e acabara de receber meu primeiro salário  como “auxiliar de analista de crédito”, na Riachuelo.
Saí da loja ao sol do meio dia na Avenida Brasil, em Foz, dona do mundo. Meu primeiro ordenado, nossa! Dinheiro ganho por mim! Olhei pra direita, olhei pra esquerda traçando rotas. Depositar e guardar o dinheiro não passou nem de longe pela minha cabeça, claro. Aproveitei o horário de almoço e gastei todo. Ou quase todo. Com presentes. Comprei presentes para meu pai, minha mãe, meus irmãos. E óbvio, para mim.
Lembrei esta história ao ler, no site da Previ, sobre educação financeira. O relato de um colega aposentado me fez refletir todo o dia sobre a relação que tenho com o dinheiro, com poupar, com comprar. O que, na verdade, significa poupar pra mim. E comprar.
Não, ainda não sei, não cheguei a uma conclusão e, definitivamente, tenho medo de chegar. Gosto de montão de comprar, não é novidade. Mas não gosto de comprar apenas pra mim, é fato. Amoamoamo comprar presentes, amo presentear as pessoas, mesmo sem motivo (gostar não é motivo? Encontrar algo que é a cara da pessoa, náo é motivo? Mostrar que pensou na pessoa não é motivo?). Mas até que ponto gosto de presentear e até que ponto gosto do ato de adquirir algo bonito, agradável, eticétera e tal? Ainda não sei, também. Ou melhor, sei, sim. GOSTO DE PRESENTEAR. Tanto que os melhores presentes que dei na vida tinham pouco de dinheiro e muito de mim. Lembrei agora, particularmente, de um presente que fiz pra minhamiga Claudia Wilsen: escolhi a dedo, durante vários dias, textos que gosto, que me tocam, textos que escrevi, de outros autores, frases, poemas. Formatei-os como livro, imprimi, mandei na gráfica cortar, providenciei uma capa linda com papel estampado (meus dotes não alcançam o design), mandei encadernar e voilá: ficou show. Da mesma forma, ano passado Cloé fez sessenta anos, e eu queria um presente especial. Bordei uma almofadinha de pescoço, linda e delicada em tons de rosa, com seu nome. Fiz um scrapp com um poema lindo da Lya Luft e fotos suas que
amo. Montei tudo numa cesta com pequenas delicadezas, como chás, torrões de açucar, um casal caipira (seu aniversário cai no dia de São João) segurando uma faixa de felicidades (o casal eu já tinha de outros “são joões”). Amei o resultado, e acredito que ela também tenha gostado. De onde concluo que o comprar não tem nada a ver com o presentear em si. Respondendo à pergunta de Marina, sim, comprar é uma terapia. Deliciosa, aliás. Mas pode também se tornar um vício quando acontece apenas pelo consumo - um vício horrível e devastador! Aff!!!! Mas voltando ao princípio do post, e ao texto que citei, acredito que muito de nossa relação com o dinheiro/consumo tem a ver com a educação financeira – inúmeras vezes nossos pais (ou nós mesmos com nossos filhos) erramos ao “facilitar” a vida, dar “tudo o que se pode”.
Nem sempre aprendemos assim, e aí nos perdemos no caminho, sendo facilmente uma “Becky Bloom” - e a recuperação de uma relação saudável com consumo nem sempre é roteiro de filme, com final feliz.
Então, pessoas lindas que me dão a honra de sua atenção, resumindo: não tem sido fácil. Nem um pouco, as tentações estão em todo lugar. Mas de verdade? Não tem sido tão difícil assim.

domingo, 12 de junho de 2011

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Enquanto meu template não chega...

...brinco de mudar a cara do blog.
Mas sabe que isto é uma coisa que tenho desde que me entendo por gente? Quando adolescente ganhei um quarto só pra mim (privilégio de uma irmã mais velha com dois irmãos homens - Tati chegou muito mais tarde, eu já não morava mais em casa), adorava brincar de decoração. Não, eu não tinha dinheiro à disposição, mas tinha muita criatividade e inquietude. Trocava os móveis de lugar, colava cartazes, posteres... lembro de um ano em que o coelhinho da páscoa foi particularmente generoso conosco, e que guardei todos (todos mesmo!) papéis dos bombons e chocolates e ovos... e depois fiz lacinho com todos eles (sabe aquele lacinho que a gente faz enrolando o papel e dando um nó, bem simples? Aquele mesmo!) e colei em todas as paredes do quarto, inclusive no teto. Ficou meio bizarro, mas eu achava lindo! E mais lindo ainda mamãe e papai não implicarem com isto.   =)
Depois, já casada e com filhos, o pai deles dizia que chegar em casa era sempre uma surpresa - ele nunca sabia como estaria a casa, em que parede estaria o armário, o sofá, tudo. Mas nunca reclamou, e isto é algo que nunca agradeci a ele - aceitar este meu "bicho carpinteiro", que não me deixava quieta, que me fazia "cansar" da mesmice da decoração. E não, isto não mudou. Adoro trocar quadros, paredes, tapetes. Só que estas coisinhas custam $$$, e nas circunstâncias atuais... só posso mudar a decoração do blog. Até que chegue o presente que Andrey me deu!
=)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Um mês!!!



Grandecíssima mentira dizer que tem sido tude bem, tudo bom, tudo zen. O caramba! Há dias em que sim, é fácil resistir à tentações - tudo depende do meu grau de exposição à elas. Hoje, por exemplo, foi Ph. Assim mesmo, com efe maiúsculo. Não entendeu? É porque não me conhece bem...
Pois é, tenho que ser muito honesta comigo mesmo, não vale mentir, minha consciência vai saber. Não tem sido muito fácil - e olha que tive alguns "escapes", hein? Aniversário de dois colegas na agência, despedida de outro, tive a oportunidado de comprar o presente deles em nome do grupo. Foi uma válvula boa de escape, viu?
Ontem mamãe (que está me visitando e vai embora amanhã) disse: "filha, vamos comprar um chuveiro. Nesta terra fria não dá pra ficar com esse chuveiro horrível!". Fomos à Cassol, aff!!!! Gente, fala sério, pra uma pessoa que ama essas lojas, isso é tortura cruel.
Hoje marquei manicure na hora do almoço. Ela faltou e não remarcaram com outra, resolvi então almoçar no Itália - aff, aff, aff!!!!!!!! Tenho que ser honesta, QUASE. Quase compro uma revista (se tem algo que é capaz de me causar problemas, é este vício horrível em revistas e livros!). Minha consciência falou mais alto que meu desejo: "se você comprar, ninguém precisa saber. Mas você vai saber. E pronto, vai perder a credibilidade diante daquela que a olha no espelho todas manhãs..."

Um mês sem compras. Inacreditável, bem sei. Mas agora faltam apenas onze!!

Happy hour no Zapata com alguns lupeiros de Curitiba - com a ilustre presença d'O' cara, Jota Erre. Putz, se tem algo que amo é conhecer pessoas. As infinitas possibilidades que cada um traz pra minha realidade. =)  E quando as expectativas são superadas então, putz! Muuuuuuuuuuuuito melhor. 

O dono da revistinha apareceu. =(    Coisas da vida, bem sei. Ainda bem que já tinha lido todinha...

E o Andrey garantiu que me manda logo o template do blog. Hoje. 

E o Coritiba ainda precisa de pelo menos mais um gol pra ser campeão. 

E acho melhor ir dormir, que já nem sei bem o que escrevo...  

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Sobre Anjos na nossa vida

Momento Um:

No dia 30 de maio a edição do Metro, jornal que leio todas as manhãs (é de graça, distribuído nos sinais do centro, de segunda a sexta), trazia em sua capa a seguinte notícia: "Mônica e Cebolinha assumem namoro", com uma foto dos personagens se beijando. Como assim, desde quando personagens do Maurício de Souza são manchete de jornal??? Não interessa - amo a turma da Mônica e do Cebolinha, assinei por mais de oito anos enquanto meus filhos eram pequenos. Guardei o jornal. Almoço com Maya:
"- Filha, você não acredita na manchete do jornal de hoje!!!"
"- Mãe!!!! A gente tem que comprar! Edição pra colecionador!"
"- Não posso, lembra? Este é um dos ítens da minha lista..."
"- Mas eu posso!"
"- Você tem dinheiro?"
"- Não, mas a senhora pode me dar..."
Claro que ela falou de brincadeira, não ia fazer uma proposta indecente assim pra boicotar meu propósito...
"- Mas não se preocupe, Maya. O Andrey vai comprar, e empresta pra gente."
"- Mãe, edição de colecionador..."
Retomamos a conversa algumas vezes, sempre com o argumento "ah, mãe, é de colecionador!"
Mas fiquei firme, resisti e persisti no meu intuito.




Momento Dois:

No Lupa, blog interno dos funcionários do banco, o post (magnífico) de ontem falava sobre anjos. Os etéreos, os de carne e osso, e as maneiras com que eles transformam nosso cotidiano. Lendo o texto fui relembrando os anjos que passaram pela minha vida, desde sempre - uma lista infindável, e se fosse citar aqui, talvez não coubesse. Talvez eu fosse injusta com algum. E lembrei, como nunca, o meu Anjo. Aquele que está ao meu lado em todas as horas, desde que me entendo por gente. Aquele com quem travei conversas infindáveis na minha infância, que me deu colo e aconchego, que acalmou minhas angústias, aquele que me dá a mão quando me sinto só e carente, o meu Anjo da Guarda.
E agradeci. Agradeci cada momento em que ele esteve em minha vida, protegendo, acalentando, cuidando. Agradeci tanto e sei, não foi ainda o suficiente. Deus age na minha vida através dele, sempre mais do que mereço - e meu Anjo é seu emissário.




Momento Três:

Sexta feira, três de maio. Dia punk na agência, muito movimento, todos os problemas do mundo juntos, clientes irritados, colegas faltantes, desnecessário desfiar o rosário de problemas. Quase três da tarde, vou pra fila do auto atendimento parar a máquina para abastecimento. São quatro terminais apenas na agência, paro um, faço a intervenção e o coloco em funcionamento novamente. Como acabei de colocá-lo novamente em operação,  vou pro início da fila parar outro. A cliente se afasta do terminal, chego com o cartão e olho no painel, ela esqueceu uma revista. Coração na mão, putz, inacreditável!
"Moça, sua revista!"
"Não, não é minha."
"Meninas, é de vocês?" Pergunto a duas gêmeas adolescentes que aguardavam por ali há algum tempo.
"Não, não é."
Olho interrogativamente para as cinco ou seis pessoas na fila, e recebo uma coreografia de pescoços em sinal negativo.
Sem pensar, pego a revistinha e entro.
"Andrey, inacreditável! Parece mentira, adivinha o que esqueceram no auto atendimento???"
Pois é. Se não tivesse acontecido comigo, eu não acreditaria, fala sério. Parece coisa de filme, coisa armada, muita coincidência. Mas aconteceu comigo. O que fazer?
Entrego a revistinha para um dos vigilantes, vai pra caixinha de objetos perdidos, junto com documentos, óculos, chaves. Ah, mas e se o dono não aparecer... o que fazer???


"Santo Anjo do Senhor,
se a ti me confiou a piedade divina,
sempre me guarda,
me rege,
me ilumina.
Amém."

Carta para Marina

Minhamiga (em meu coração já a sinto assim),

adoro cartas. Adoro escrevê-las tanto quanto recebê-las. Tá, eu sei, carta é obsoleto. Quem, nos dias de hoje, escreve cartas???? Sempre existirão excêntricos... e românticos.
Uma carta, na verdade, não deixa de o ser por não usar a via tradicional, o correio, para chegar até o seu destinatário, não é verdade?
Então, retomando, adoro cartas. E hoje, especialmente, este amor aumentou. Li uma carta indescritivelmente bela, endereçada ao "amigo esquecido". Que na verdade é o Anjo do emitente - mas serve para todos os outros "anjos" do mundo, inclusive os de carne e osso. E esta carta especial me motivou a hoje, postar neste blog, uma carta para você, Marina.
Já lhe falei, não? Que minha resolução de um ano sem compras foi impulsiva - como tanta coisa em minha vida. E o primeiro e óbvio domínio que pensei já estava registrado, sem nenhum post. Como assim, sem nenhum post???
Comoéqueapesoaregistraumdomínioeabandonaassim???????
 Então, no dia seguinte, você fez seu primeiro post. Entendi sua motivação, e de cara me identifiquei com você, apesar de perceber que somos tão diferentes. E tão semelhantes.
A Marina que percebo é organizada, metódica, ponderada. Consegue planejar as coisas. Eu, ao contrário, sou um caos. Organização é algo que só conheço do dicionário - e da realidade de amigos queridos. Ponderação? Vixi. Quando chega, já vem tarde. Não raro me pego questionando coisas que fiz e poderiam ter sido diferentes - só que aí penso que, se tivesse feito diferente, talvez o resultado não fosse o mesmo. Ou talvez fosse - mas não seria autêntico, porque minha essência é assim, bagunçada, apesar de infindáveis tentativas de tomar jeito.

#marinaeludiferentes

Entretanto fomos movidas, ao mesmo tempo, por uma força interior rumo a um horizonte possível, factível. Temos as mesmas preocupações com o meio ambiente, com o mundo, as mesmas convicções éticas, acreditamos nas pessoas e em dias melhores. Somos românticas. Amamos lojinhas de 1,99!!! Amamos ler - e escrever. Somos estrangeiras nesta terra maravilhosa e gelada.

#marinaelutãoiguais

Ainda não nos conhecemos pessoalmente, mas não tenho dúvidas de que logo isto acontecerá (olha o Bazar do Escambo aí!!!). =)
E ontem, que foi o seu primeiro dia neste ano sabático, eu queria muito ter escrito algo pra você - mas a GVT conspirou contra. Sei lá, algo tipo "boas vindas, finalmente". Pra dizer que não vai ser fácil, com certeza (sei que sua expectativa era quase insuportável), mas que também vai ser menos difícil do que se apresenta. Prá dizer que acho fantástica a força que sua família dá, lendo e comentando (isto é algo que inspira, mais ainda. Parece que o fato de ter alguém, nem que seja uma única pessoa, acompanhando, fortalece nosso propósito.). Pra dizer que, mesmo que eu não comente sempre, o seu blog é o único que visito todos os dias. E finalmente pra contar que é muito boa a sensação que trago no coração - como uma viagem que se inicia, sozinha, rumo a destino desconhecido - ainda que tenhamos o mapa e o roteiro do caminho e, logo nas primeiras curvas da estrada, esbarramos noutro peregrino com o mesmo destino, cuja companhia faz a viagem incomparavelmente melhor.
Apesar dos pouquíssimos passos, está sendo muito bom viajar em sua companhia.

Grande beiijo, Lu.

P.S.: ontem a GVT me boicotou novamente. Madrugo nesta sexta, pra escrever pra você. =)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Descobertas

É claro que eu te amo.

É claro que gosto do aconchego do teu abraço.

É claro que gosto do amor que a gente faz.

Gosto do teu cheiro, gosto do teu beijo, gosto de estar contigo.

É claro que gosto de ti.



Mas gosto (tanto) da vida (leve) quando não duvidas de mim...