quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Minha querida ex-quase-futura-nora ainda não sabe.

E talvez não saiba nunca, porque se são insondáveis os caminhos do coração, o que dizer dos que a vida traça, então? É normal que às vezes a gente fique assim, sem saber o que fazer. Até porque, minha querida, muitas vezes não há o que ser feito - mas nessas ocasiões, não fazer nada é suficiente - principalmente quando este "não fazer nada" é do jeito especial de um filho. E se esse filho é ainda cúmplice, amigo e companheiro, nossa! É mais do que suficiente... pode ter certeza.
Por vezes onde a gente enxerga uma prisão, o que existe é mesmo isto: cárcere. Podemos estar encarcerados por tantas coisas, menininha! Grades colocadas por outras pessoas, pela vida, por nossos medos, nossas inseguranças, nossas frustrações. Às vezes ficamos presos em nossa própria impotência de lidar com coisas que se apresentam no dia a dia, e que são inevitáveis. Outras vezes nos vemos ilhados simplesmente por não saber o que fazer diante de coisas/pessoas/fatos. Ou da passagem inexorável do tempo. Ou de desejos insondáveis do coração.
E pode acontecer de nos quedarmos, sim, presos em nós mesmos, por grades que na verdade são etéreas, e que, da mesma forma que surgiram, deixam de existir. Tudo a seu tempo. Porque, além de tudo, o tempo é mesmo o melhor remédio. Prá tudo. E isto não é clichê, por mais que pareça.
Tenho que contar que a desculpa de ser "normal da idade" não é uma desculpa. É fato. Sim!!! É normal da idade, na infância, ser curioso e imprudente. É normal da idade, na adolescência, ser irreverente, se achar dono da verdade, relevar o valor da experiência. É normal da idade, na maturidade, ponderar. Fazer um retiro para compreender, reavaliar, reorganizar, se fortalecer. Ainda que não se anuncie ao mundo que estamos em retiro no nosso mais profundo eu.E estas, minha cara, não são palavras de consolo.


“A vida tem disso.”


E ser feliz, como dizia a música, é impossível sozinho. Por isso é natural e reconfortante que você se preocupe - mas não deixe que isto a afete a ponto de enjôos, dores de cabeça, ânsias. Ou de pranto até que os olhos não aguentem mais e seu lindo rosto fique deformado. A sua frustração pode contribuir para "as coisas da vida" se prolongarem - porque a dor de um filho é elevada à enésima potência no coração da mãe. 
Saiba, minha querida, que a vida é um milagre. E se este milagre aconteceu, muitos outros podem acontecer - é só não desacreditar. E lembrar que nem sempre seu milagre é o mesmos desejado pelo outro...






2 comentários:

  1. Eu pensei sobre isso, sobre as vontades serem diferentes. É como você disse, Lu, o meu milagre pode não ser o do outro. Acho muito verdadeiro o que você falou, é natural, não é mesmo? Mas é tão difícil ter de conviver com esse "probleminha"...é um sofrimento coletivo. Entretanto, estamos vivos, né? A vida tem dessas coisas, como você disse.
    Obrigada pelo carinho, minha querida ex-quase-futura-sogra ;)
    Beijos, Lu!

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