quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Desabafo (pequeno, pro tanto que eu gostaria de falar)



Na segunda feira, depois de estar longe da net por todo o fim de semana, começo a ler o post no Pipoca e Coca Cola, que penso a princípio ser da primogênita - a caçula tem deixado o barco à deriva. 
Aos poucos percebo que não - é Maya quem escreve sobre Escolhas e Responsabilidades - um texto grande, que não me surpreende (é típico dela esta maturidade e estes questionamentos), que me deixa curiosa (sobre o fim de semana interessante e conversas e constatações), me encanta (Não quero mais fazer promessas. Eu vou tentar...), me faz questionar meu papel de mãe/ educadora/ mentora/ amiga/ companheira/ ... 
(E é exatamente disto que eu estou falando: de responsabilidade... E é aqui que eu encaixo a palavra que realmente falta na minha vida: disciplina), me faz pensar. Propositalmente não faço comentários.
Vou ao google buscar algo que li há algum tempo, e que alguém, em algum lugar, me havia comentado, que é a questão de interesse em muitas coisas, curiosidade em saber, ânsia por conhecer simplesmente para saber, de inteligências múltiplas e não encontro. 
Mas penso em tantas vezes que tanta gente elogiou minha filha e sua inteligência, e penso na dificuldade em "escolher" um caminho profissional - tantas as áreas afins, penso na facilidade em aprender e assimilar conceitos e conteúdos de difícil compreensão para os colegas da mesma idade... e lembro de um papo com César, ex-professor seu, no almoço do meu aniversário: "o Fulano (professor de matemática) ficava muito indignado! Ele chegava pra mim e dizia: Cesar, é impossível! Faço uma prova super difícil pra pegar aquela menina prepotente e ferro toda a sala, mas ela se sai bem, não acredito!"
E aqui entra a segunda parte do que quero falar.

Leio hoje o desabafo no Insensato Pensamento, e me questiono sobre o que originou este post 
(Eu não me acho superior a ninguém). 
E penso nas pessoas que tantas vezes não entendem as outras. 
Ou tem dificuldade em simplesmente aceitar aquilo que está além do seu entendimento. 
Ou tem ciúmes/ inveja/ medo do que não compreendem/ sentem/ conhecem. 
Se você tem sede de saber apenas por curiosidade, por saber, você é prepotente. 
Se você tem facilidade em aprender, você é arrogante. 
Se você se questiona sobre o mundo como é e pra onde vai, você é soberbo. 
Se você não gosta de arroz e feijão como todo mundo, você é metido. 
Se você não segue o fluxo e questiona, você é insolente. 
Se você tem idéias próprias, você é pomposo. 
Se você gosta de ler e foge do lugar comum, você é metido. 
Se você, além de tudo isto é bonito (mesmo que não seja a Angelina ou a Halle ou a ZetaJones) e pertence a uma família de nível intelectual/cultural/econômico um pouco (só um pouco) acima da média e ainda por cima comete o pecado de ser amado e aceito incondicionalmente por esta família, aí, meu caro, você é inaceitável.
E de alguma maneira tem que ser perseguido, combatido, aniquilado, reduzido a pó. 
Não, isto não faz com que estas pessoas se tornem mais inteligentes, mais cultas, mais conscientes, mais ecológica/politicamente corretas - mas faz com que elas não vejam através de você a pequenez de si mesmas, a mesquinhez em que estão mergulhadas, o egoísmo em que se deixam absorver, a inércia de seus sentimentos, a mediocridade de suas vidas.
Por isto urge diminuir através de comentários maldosos, brincadeiras mesquinhas, atitudes desprezíveis e pequenas o que você é - porque é inadmissível que você seja assim só pelo prazer de ser você mesma e ter seu lugar no mundo. 
É inadmissível que você possa pensar em ser feliz enquanto estas pessoas de mente tacanha não conseguem vislumbrar em suas vidinhas parvas um caminho pra si mesmas.

E fico triste ao pensar que estas pessoas conseguem despertar estes sentimentos (Eu sinceramente não queria ser assim/ Eu gostaria de ser alguém normal/quanto mais eu me procuro, mais decepcionada eu fico, e minha tristeza é real/ eu fico colocando e tirando tantas máscaras diferentes o tempo todo que eu nem sei qual é a minha verdadeira identidade). 
A mim, o que me preocupa, é que pessoas especiais não tenham consciência de que o são. 
Preocupa-me que pessoas menores influam em pessoas maiores (principalmente quando a grandeza está na inconsciência deste fato). 
Preocupa-me, muito, que pessoas que sabem que a verdade de cada um é única, indivisível, impermanente e mutável tenham suas convicções abaladas pela massa dos lugares comuns - porque apesar de o mundo ser movido pela massa, são os indivíduos que fazem a diferença.
E por mais que corra o risco de me imputarem soberba, confesso aos quatro ventos em letras maiúsculas e megafones virtuais o orgulho imensurável do ser humano benignamente sobranceiro que minha caçula é - por mais que algumas almas sujas tentem convencê-la do contrário. 
E tenho dito.
(Maya, não me venha com churumelas: tá te faltando colo de mãe pra você lembrar o ser especial que é. Tô chegando!!!)

2 comentários:

  1. Mãe, sinto te decepcionar, não é falta de colo de mãe... é falta de irmã, mesmo... hahaha...
    Morra de inveja, Lucemary, mas eu sou a alegria dessa família!
    (e não me acho!!!! tenho certeza!!! hahaha... brincadeira!)

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  2. Aff, não vale... vc que me fazer chorar, eh?!
    enfim... eu gostaria de dizer, em minha defesa, que eu estava de tpm quando eu escrevi aquele post... totalmente depre... mas foi interessante me abrir, sabe... mesmo... as vezes eu acho q eu sou muito fechada (eu realmente sou), mas eu estou, aos poucos, tentando me mostrar... e estou tentando perder o medo disso...
    e obrigada, realmente muito obrigada por estar sempre do meu lado quando eu preciso, sempre com as palavras certas... te amo amo amo amo amo amo amo amo amo amo amo amo amo!!!! incondicionalmente!!!
    e eu quero colo, sim!!!!
    :D

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