quinta-feira, 13 de agosto de 2009

13/08/09



São quarenta e cinco aniversários.
Quarenta e cinco anos novos - e em cada um deles estava, sempre, cercada de gente.
Do primeiro só me lembro por foto, uma menininha rechonchudinha de pernas grossas, cachinhos fartos e sorriso aberto cortando um bolo maior que ela juntos aos pais - um casal de cinema, tão lindos eram!
Os outros todos, impossível lembrar cada um - quinze anos, claro, inesquecível: três festas! Uma, no dia, com direito a banho de farinha e ovos; uma 'discoteca' surpresa no sábado e, depois, o baile. O primeiro baile de debutantes do Floresta Clube, que reuniu uma galera considerável - mas que deu muito trabalho... lembro-me como hoje a Tânia, acho que este era o nome, no trabalho de formiguinha convencendo a cada uma das meninas de isso não era antigo, não era "demodê", e no fim, todas curtindo de montão algo que não queríamos e com certeza não pensávamos curtir assim. Gosto de olhar as fotos e ver o brilho nos olhos de cada uma, prontas pra abraçar a vida. Gosto de (re)encontrar nas fotos aquela menininha de pernas grossas e sorriso aberto e franco que acreditava que o mundo era todo dela, só esperando que ela saísse e estendesse as mãos, tomando conta... gosto de constatar, pelas fotos, que a amizade verdadeira persiste e resiste a tudo. Gosto de olhar a foto em que estamos, eu e Ly, encarando a lente sem medo do futuro, e gosto mais ainda por sentir, em meu coração, que o amor que nos uniu na adolescência não morreu e, mesmo com o passar do tempo e com a distância nos reconhecemos e nos entendemos como se tivéssemos nos visto ainda ontem num daqueles papos recheados de risadas, confidências, sonhos e verdade...
Outro aniversário bem claro na memória foi aquele em que Paulo, superando toda e qualquer expectativa, organizou uma festa - tão, mas tão bem organizada que, de verdade, acho que foi a única vez na vida em que a expressão "festa surpresa" funcionou comigo... tive uma festa realmente surpresa (e ainda paguei mico, reclamando dos amigos todos que não tinham se lembrado - e estavam todos quietinhos, reunidos, numa sala escura e cheia de gente... rssss)...
Lembro ainda o primeiro aniversário na ilha, quando só Maya morava comigo: mas a "festa surpresa pra Lu, do BB", teve direito a anúncio no rádio a manhã toda (êêê, Domingão!!) e foi cheia de gente, alegria e pranto (é, eu não mudei - alegria me faz, sim, chorar)... tantos, tantos!!! (É, claro que são muitos: quarenta e cinco! Com mais de uma festa em alguns, posso contabilizar aí uns mais de cinquenta... rsssss) - mas sempre, em qualquer época, estava rodeada de gente. Cercada por pessoas de amor recíproco - que me amavam e a quem eu amava - amigos, família, amores.
E nunca, em tempo algum, consegui sequer imaginar que um dia passaria a noite do meu aniversário sozinha - euzinha, com mamãe em Goiânia, três irmãos (cada um em um canto), sobrinhos, três filhos paridos e um do coração, amigos que me faltam dedos pra contar e um amor... sozinha, num aniversário? Jamais. E se, em algum momento essa idéia passasse por minha cabeça, tenho certeza de que só a perspectiva me faria cair em prantos (é, a tristeza e a melancolia também me fazem chorar....).
Mas eis que hoje, 13 de agosto de 2009, completo quarenta e cinco anos. Sozinha em minha casa com algumas latas de cerveja e o notebook. Não, o surpreendente não é ter acontecido - é eu não estar me afogando em lágrimas e autocomiseração. Tá, tudo bem, tive uma festa no fim da tarde, no trabalho. E outra marcada pra sábado, no lugar onde hoje mora meu coração. Acho que só isto ameniza o fato de que, pela primeira vez na vida, estou acampada em um lugar onde não cativei ninguém, onde não fiz Amigos - porque se os houvesse feito, não deixariam nunca que eu passasse a noite do meu aniversário solitária em frente ao computador. E o que dói é essa constatação clara e precisa de que realmente mudei - não sei se pra melhor ou pra pior, mas quando penso que não tenho amigos neste lugar me pergunto se é porque me tornei mais seletiva ou mais chata. Toda moeda tem dois lados, e toda verdade vários ângulos... mas, enfim, 'i'll survive'.
Não sei se amadureci, não sei se endureci, mas... incrivelmente, não me desmancho. Canto com o IRA! e Paralamas, em altos brados, a canção que amo e me faz bem.
Feliz aniversário prá mim.

4 comentários:

  1. Mãezinha...
    Valença é complicada mesmo...
    Porque aí o povo, além de burro, é falso... Então, não se preocupe, se o problema está com você é por não ter se tornado um deles. Assim, aproveite sua festa de sábado. Porque, se é onde seu coração mora, é onde você tem que estar. Te amo.
    E parabéns!

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  2. ah!
    e só você não esquecer...
    TE AMO!

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  3. putz...
    aniver sozinha eh foda...
    pena que não dá para fazer uma superhiperultramegapowersurpresa pra você, como você fez no meu...
    :/
    mas, tudo bem... aproveite sábado, lá no lugar aonde seu coração está (não, isso não é nenhuma chantagem, não se preocupe), e relaxe, porque ainda teremos muitos aniverarios para passarmos juntos, ok?
    ;)

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  4. Sei que você gosta do Richard Bach, assim que ponho os primeiros parágrafos de um livro dele que você conhece faz tempo:

    “Começo a viagem no coração do Beija-Flor, que há tanto tempo você e eu conhecemos. Ele se mostrou amigo como sempre, mas ficou espantado quando lhe disse que a pequena Rae estava crescendo e que eu estava indo à sua festa de aniversário, levando um presente.
    Voamos algum tempo em silêncio, até que finalmente ele disse:
    - Não entendo muito bem o que você falou, mas o que menos entendo é o fato de estar "indo" a uma festa.
    - Claro que estou indo à festa. - respondi. - O que há de tão difícil de se compreender nisso?
    Ele ficou calado e só voltou a falar quando chegamos à casa da coruja:
    - Podem os quilômetros separar-nos realmente dos amigos? Se quer estar com Rae, já não está lá?...”

    Passei todo o dia 13 lembrando de você e desejando estar contigo. Ia lendo uma a uma as dezenas de mensagens que iam deixando no seu orkut. Realmente achas que estavas sozinha no teu aniversario?...

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