segunda-feira, 23 de maio de 2011

"O que você escreve?"

"Ah, hoje já não escrevo quase nada. Mas gostava muito de crônicas, contos, poemas."

"E porque você escreve?"

"Não sei"

"Como assim, não sabe? Quem faz algo tem que saber porque... ainda mais algo assim, tão... sei lá."

"Não, eu não sei. É algo maior do que eu. Por vezes passo dias, semanas, até meses sem escrever. Nem mesmo uma linha. De repente as palavras irrompem em forma de verso, de prosa, de reticências até. Vem aos borbotões, sem controle sequer de qualidade. Escrevo porque preciso, eis aí sua resposta. Escrevo porque preciso."

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Houve um tempo em que acreditava escrever por ter muito o que dizer, e que todas as idéias que me afluiam eram originais, como originais acreditava as palavras que tinha pra falar. Hoje, depois de ler e reler tanto (e tão pouco ainda), por vezes penso que tudo já foi dito. Amiúde reconheço em outras palavras meus sentimentos, meus anseios, meus medos. Com muito menor frequência reconheço em insights geniais de outrem uma fagulha de meus pensamentos.

Ainda sentindo que tudo o que havia por dizer já foi dito, permaneço. Persisto, insisto e resisto a me calar - porque o eu mais escondido é mais forte que este que apresento às pessoas. E não tem vergonha, não tem medo, não tem medidas.



Um comentário:

  1. Lu, menina moleca,
    a mulher intensa que habita em você
    desabrocha em verso e prosa!

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