sábado, 15 de novembro de 2008

Pensando no ônibus

"- Oi, amor da minha vida!"
" - Mãe? Como você sabia que era eu?"
" - Uai, eu não sabia. Mas vi o DDD 45, e daí só duas pessoas poderiam me ligar, e os dois são amores da minha vida..."
" - É, mas eu tô ligando do celular do pai... e se fosse ele?"

Pausa para pensar.
Penso que ele já foi o amor da minha vida um dia, mas não poderia dar esta resposta, até porque o amor da minha vida de hoje está ao meu lado e é ciumento pra caramba, ia rolar estresse e isto é a última coisa que eu quero numa noite de sexta feira... não lembro o que respondi.
Só me lembro de processar a informação: "mãe, hoje é a formatura do Matheus."
A ligação horrível, peço pra ela ligar mais tarde, quando ele pudesse falar comigo, as lágrimas rolando já, é formatura do meu filho e eu não estou com ele.
Mais uma vez.
Eu jurava que a formatura dele era hoje, sábado. Mas jurava em falso, né?
Não que isso amenizasse o fato de estar distante nesta data, mas pretendia ligar pra ele dando os parabéns (sim, orgulhosíssima de suas médias anuais, apesar de conversar muito...), lembrando o quanto o amo, justificando (mais uma vez) o fato de não poder estar presente na sua formatura de segundo grau... e não fiz nada disso.
Não falei com ele antes, não falei depois - não me ligaram.
E não tinha créditos pra ligar.
E não tinha o número da casa pra ligar com cartão (sim, ainda não refiz minha agenda depois que o ladrão levou o telefone dele), e chorei e chorei e chorei.
Mas não chorei tudo o que meu coração pedia.
Hoje acordei inchada, não sei de tanto chorar ou de represar todo o choro ainda por sair.
Acordei mal humorada, acordei irritada, acordei de um jeito que seria melhor nem acordar.
Ontem, voltando do shopping pra casa, olhava os prédios todos e suas luzes acesas dos apartamentos, e imaginava a vida em cada um deles, e os dramas pessoais de cada morador, e quantos estariam se sentindo como eu... e pensei este texto que queria escrever aqui, mas não rascunhei... não sei porque cargas d'agua não estava com minha cadernetinha, e se pelo menos não esboço o texto, depois ele não vem mais.
Não como imaginei, não como senti, não como desejei.
E agora, escrevo apenas pra dizer, Matheus, que apesar de não ter ligado, de ter sido uma mãe relapsa, amo você. Tanto, tanto, tanto.
Queria ser a mãe perfeita, a melhor, a presente em todas as horas, seu colo, porto seguro, sua amiga, confidente, cúmplice. E não sou. Desculpe por isso, meu filho.
Queria ter estado com você ontem, vê-lo receber a homenagem justa por vencer mais esta etapa em sua vida, chorar de emoção (alguma dúvida de que me desmancharia?), lhe encher de beijos, de abraços, de beijos, de abraços, de dengos, deixá-lo desconcertado como fica às vezes com minhas demonstrações públicas e efusivas de amor e carinho... queria ter partilhado este momento especial com você, meu filho.
Queria muito.
Desculpe, mais uma vez.

2 comentários:

  1. Lu!

    Primeiro de tudo, obrigada.
    Seus comentários chegaram certeiros. Sabe aqueles dias em que vc precisa ouvir alguma coisa bacana para se animar? E veio justamente de vc, uma pessoa que nem conheço pessoalmente, mas muito de ouvir falar. E ouvi muitas coisas boas, diga-se de passagem. Depois de tudo oq li e do q vc me escreveu, fiquei morrendo de vontade de te conhecer. Tenho a certeza de que vc é uma pessoa sensível e... fantástica.

    Quanto ao post... Faltei na formatura da minha irmã ano passado. Aquela mesma, do post. E me doeu muito. Ainda mais pq meu pai tb não estava e pq nossa família é muito unida.

    Chorei com o seu texto, pq vc conseguiu preencher com palavras oq significa a ausência. E embora a gente explique e justifique tanto, nada substitui uma presença, ainda mais em momentos importantes.

    Ele entenderá, sem dúvidas.

    Beijos e um ótimo domingo pra vc.

    www.tatilazz.zip.net
    www.mulheresdeathenas.blogspot.com

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  2. Sancho Pança
    (ventoonde.blogspot.com):

    Me desculpe pela insensibilidade, mas quando lia seu texto tentei lembrar da minha formatura e me recordei que não tinha ido..heehh3he3h

    Mexendo mais um pouco na minha mente lembrei que minha irmã também não foi na dela

    Acho que é de família.
    Acho que ele vai entender também.

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