segunda-feira, 11 de maio de 2015

Ao vivo. À flor da pele.

Tinder. Badoo. Happn.
"Você pre-ci-sa ter estes aplicativos! Pra quem está solteiro, é o canal!"
Tá. Foi lá, baixou.
Primeiro contato:
"Linda. Você é linda. Linda demais! Gata."
Próximo!
"Linda e simpática! Onde você mora? Vamos sair hoje?"
Próximo!
"Sou casado, mas vivo uma relação aberta."
Próximo!

Chega. Não rola, não vai.
Não tem paciência pra "gata", "linda", "gata". Conversas ocas sem sentido que levam a lugar nenhum.
Precisa de mais.
Gosta, sim, de conversar. Sobre tudo. Filhos, vida, música, sonhos, decepções. Palavras são essenciais, afrodisíacas.
Elogios são bons. Até bom começo, diria. Mas ela está muito mais pra loba do que pra gata, prefere outros elogios. Outras abordagens.
Sexo é bom. Percebe que todos (pelo menos os que cruzaram seu caminho virtual) querem isto.
Apenas. Sexo. Casual.
Pra ela sexo por sexo, neste momento, não rola.

Apaga os aplicativos, não sem certa dúvida... talvez... mas sua paciência não resiste.

Chega em casa à noite e a filha está saindo pro mercado. Vai com ela.
Na esquina cruza o olhar com o do morenoaltolindodebarba. Frio na barriga.
Dois passos e olha pra trás. Ele também parou depois de uns passos e está olhando pra trás.
Ela ri, contente. Seu ego, um tanto maltratado, sente-se renovado.
Mais uns passos e, na porta do mercado, resolve olhar de novo. Quem sabe?
Ele está lá, na esquina onde se cruzaram, olhando. Esperando. Acena pra ela.
Que, covarde, entra apressada no mercado com a filha.
Mas depois fica pensando que poderia ter voltado pra conversar - ele fez a parte dele.

Não sabe ainda se é por sentir-se constrangida com a presença da filha.
Não sabe se perdeu o jeito, depois de tanto tempo.

O que sabe é que sentiu-se viva. Bonita. Atraente.

Coisas que aplicativo nenhum substitui.

É a vida, lembrando é assim que acontece.
Mais cedo ou mais tarde.
Ao vivo.
A cores.
Olhar, pele, cheiro, toque.

No momenro certo.

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