Casei-me num sábado de junho, pela manhã, na casa de meus pais, com direito a churrasco (regado a muita cerveja e caipirinha) que se estendeu por todo o dia. Convidados apenas a família e amigos queridos. A festa rolava solta, ao som da alegria dos convivas (chique esta palavra, fala sério!). Muitos parentes queridos tinham vindo de longe para o evento "casamento da Lucinha".
(Parêntesis para explicações: Lucinha sou eu: neta mais velha de ambos os lados, mimada por ambos os lados, a mais "sem noção" mas também a mais presente, sempre, apesar da distância geográfica; a que escrevia pros tios todos, a que telefonava sempre (eram tempos pré internet, século passado, lembram?); a que passava todas as férias em Goiás se revezando entre a casa dos tios, jogando truco, cozinhando, fazendo doces, cuidando (?) dos primos mais novos. Bons tempos aqueles!). Feliz da vida com a família quase toda ali, muitos dos amigos mais próximos também, esta noivinha circulava conversando, rindo, matando saudade, contando e ouvindo novidades - e assim me esqueci de comer, apenas beliscava uma ou outra coisa. Na bagunça da festa, ninguém me lembrou disto também -mas de brindar com a noiva todo mundo lembrou e fez questão. De brinde em brinde, é claro que fiquei bêbada.
Naquela época havia a "Lei Seca": os postos de combustível fechavam às oito da noite, sempre, a não ser exceções nas rodovias. Saímos da casa de meus pais pra casa do Paulo depois das seis, tomei banho enquanto o Paulo lavava o carro (que tinha sido pintado com tinta guache, a sogra proibiu pintarem com batom porque a tinta guache sairia mais fácil... sei não, viu?), tomei banho e me arrumei.
Sim, iríamos ainda comemorar com os casais mais próximos no saudoso bar cujo nome me foge agora, e que ficava na esquina em frente à Jauense. Lá tomei umas duas ou três "porradinhas", mistura deliciosa de guaraná e cachaça, que descia fácil e gostoso, mas subia mais fácil ainda pra cabeça. Só percebemos que 'talvez' eu não estivesse muito bem quando fui ao toalete fazer xixi e não tinha voltado depois de vinte minutos... Rose foi atrás de mim, e voltei direto pro carro pra que pudéssemos finalmente ir pro Motel que escolhemos para passar a noite de núpcias - e que, por questões logísticas, era o mais próximo da Vila A, perto da Usina.
Foto apenas ilustrativa, o motel não se assemelhava a este... |
Ali pelas cinco da manhã, o dia clareando, o noivo nitidamente insatisfeito (?), chamou para irmos embora, e assim fizemos. Andamos poucas centenas de metros e perto da Igreja São José Operário, o carro parou. O defeito? Pane seca. É, o Paulo tinha esquecido de abastecer no dia anterior.
Táxi ali por perto? Nem em sonhos. Carona? Idem. Em tempos pré celular, a solução foi caminhar até a casa dele - e olha que era uma boa pernada, viu?
Chegamos depois das sete, a sogra na cozinha preparando o café estranhou chegarmos em silêncio - e se assustou ao olhar meu rosto todo pintado. Como explicar? Não, não tinha explicação.
Não foi uma noite de núpcias inesquecível? Principalmente pro noivo?
=)
Adorei Lu!É tão gostoso ler os textos e ver um pouco das suas histórias. De você. Bacana mesmo.
ResponderExcluirQue bom que não havia uma criança dentro da sua barriga, que, pelo jeito, quase foi 'hugada' por vc, né... hahaha
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