sábado, 9 de julho de 2011

DIA 62 - GASTE MENOS E SEJA FELIZ - PARTE II

Como gastar menos e ser feliz se o meu cérebro entende que comprar é algo prazeroso, consequentemente algo que me faz feliz? Se não comprar (raciocínio lógico) fico infeliz! Mais ou menos, pessoas, mais ou menos.
A questão não é deixar de comprar radicalmente, e pronto. É encarar o consumo dentro do contexto real de necessidade – não dá pra viver sem comprar nada, a não ser um ou outro idealista excêntrico (maluco?) que se proponha a isto. Precisamos comprar desde as coisas mais básicas para nossa sobrevivência: papel higiênico (quem teve o privilégio de passar parte da infância em fazenda sabe que dor de barriga no lugar errado pode ser complicado, não sabe??); escova de dentes, sabão, arroz, feijão e por aí afora até os não tão básicos assim, mas que fazem a felicidade do nosso corpinho: biscoitos, chocolate, creme hidratante, perfumes, sapatos, um tapete fofo... isto sem falar naqueles que por vezes não são necessários pro corpo mas fazem bem pra alma. Gente, fala sério, dá pra viver com a alma faminta? Não, claro que não. Cinema, livros, música, um belo quadro. O necessário é identificar nossos desejos e classificá-los corretamente por níveis de necessidade, buscando atendê-los na medida do possível, sem com isto nos escravizarmos ao consumo, tornando-nos compulsivos. Não preconizo a frugalidade total e absoluta, que fique bem claro – até porque eu seria uma das últimas pessoas a conseguir isto (adoro coisinhas cuti!), mas a necessidade de repensar o que consumimos, o que compramos, o que tornamos obsoleto sem necessidade.
O que acontece é que, com a globalização e a facilidade da comunicação, passamos a ter acesso à informações que antes desconhecíamos, e nossa curiosidade e vontade são instigadas a todo momento, despertando desejos e necessidades que antes não existiam. Quer ver um exemplo fácil?
Sou muito fresca para comidas, não como rins, fígado ou qualquer outra coisa que lembre vísceras animais – mas amo cozinhar, e experimentar novos sabores – ainda que não se tornem habituais no meu cotidiano. Nuncantesjamais tinha ouvido falar em “Flor de Sal”. Um dia vi uma reportagem falando sobre: “...diz a lenda que a flor de sal começou a ser extraída pelos celtas no início da Era Cristã. Em tempos modernos, os franceses são os responsáveis pela disseminação --em restaurantes de alta gastronomia, vale ressaltar-- desses delicados cristais de textura crocante e sabor que lembra violeta...”. As palavras “celtas, franceses, delicados, cristais, textura, crocante, sabor” todas 'juntas reunidas' num parágrafo só definindo 'Flor de Sal' funcionaram como neon amarelo limão numa noite sem lua e estrelas, me atraindo irremediavelmente e despertando a premente necessidade de saber mais, e conhecer, e experimentar a tal flor, que na verdade é apenas um tempero. Algo de que eu nunca ouvira falar se tornou assim algo de urgente necessidade, percebem? Sei que muitas pessoas leram o mesmo artigo e nem tchuns. Estas pessoas, por sua vez, poderiam sentir-se da mesma forma sobre um novo tênis de corrida, um novo creme hidratante, um novo aparelho eletrônico – ou bols, como conta a Nina Horta neste post do seu blogue na Folha. Ou outra coisa qualquer que mexa com seu imaginário e sua história.
O que eu quero dizer é que nosso modo de vida, nossa história, o meio onde convivemos, a mídia, nossos amigos, as redes sociais, tudo age sobre nós, influencia o nosso conceito de necessário e indispensável e impulsiona nosso comportamento consumista. Tudo grita “compre, compre, compre!!! Consuma, consuma, consuma!!!”. Cabe a nós não nos submetermos a este apelo global. Como? Alguns passos que podem ajudar – vou elencá-los aqui num próximo post, mas podemos começar anotando, diariamente, TUDO o que compramos. Seja no cartão, no cheque, no vale alimentação, em espécie. É importante que, ao final de uma semana, possamos saber exatamente tudo o que adquirimos no decorrer daquele período. E ao final de um mês juntamos as listas das quatro semanas anteriores, o que vai nos dar a dimensão do que consumimos no mês. E pode acreditar, analisando com carinho a lista final, perceberemos que compramos desnecessariamente grande número de coisas – a partir daí, SE tivermos o desejo real de mudar, passamos para o próximo passo. Mas isto, meus amigos, é uma outra história porque este post aqui já se estendeu muito além do que eu queria!
Bons tempos a todos!

Estou resgatando partes de um graaaaande texto reflexivo que fiz no dia em que li o texto da Marcia Tolotti, e postando em partes. Esta é uma delas. Acredito, sim, que podemos ser felizes gastando menos - e conscientemente.

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