- "A minha é mais!"
- "A nossa mãe é independente, trabalha fora."
- "A minha também!"
- "A nossa mãe fez faculdade!"
- "..."
Ok.
A memória me trai, e o diálogo pode não ter ocorrido ipsis literis como transcrevi.
As duas irmãs brincavam com amiguinhas, e através da janela eu ouvia a conversa.
Claro, achando o máximo que não pararam de buscar, dentre as coisas que enxergavam em mim, aquela em que ninguém me sobrepujasse aos seus olhos.
Dentre tantas lembranças, a que escolhi pra escrever foi esta porque ilustra tão bem como era fácil ser "supermãe" - aos olhos dos pequenos, podemos ser lindas, inteligentes, sensíveis, infalíveis, quase perfeitas.
Na adolescência você se torna um troféu: ter mais (e melhores) argumentos, ganhar no truco, no imagem e ação, transformam-se em pequenas vitórias - o que não deixa de ser uma coisa boa, afinal só se quer superar o que é digno de superação... mas aí, ah... aí eles entram na faculdade.
E o que sempre foi um orgulho, filhos pensantes, críticos e inteligentes faz com que eles finalmente percebam que você, como qualquer outra pessoa, é falível. É imperfeita.
E a gente deixa de ser a supermãe ali de cima pra se tornar a supermãe aí de baixo.
Enquanto escrevia, pensei que, afinal, este é o caminho natural.
Lembrei de mim e de minha mãe, e... enfim.
Tocou o telefone,
Maya chegou, impossível dar continuidade.
Mas acho que consegui expressar o que sentia...
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