quarta-feira, 1 de abril de 2009

"Não me acho..."



Durante muito tempo convivi com pessoas que, apesar de não fazerem diferença na minha vida, não gostavam de mim.
De alguma forma me achavam metida, bossal, pedante, prepotente, petulante e todos os outros adjetivos nesta linha que se possa pensar - e, como boa leonina que sou, me surpreendia quando apenas desconfiava que havia alguém no mundo que podia não gostar de mim.
'Como assim, não gosta de mim? Se eu nem conheço essa pessoa...' ou 'Mas se nunca fiz nada à ela, nem de bom nem de ruim, porque não gosta de mim?'.
Tinha dificuldade em entender que às vezes era assim: justamente por não fazer parte do meu universo aquela pessoa não gostava de mim.
Haviam também aquelas poucas de quem eu não gostava, e não queria que gostassem de mim também - e realmente sempre foi muitomuitomuito pouco o número de pessoas que eu não gostasse, por um motivo ou outro.
Gosto de gente, e ponto.
Mas houve um tempo em que algumas pessoas não gostavam de mim por causa da minha atitude, e a culpa disso foi toda de minha família, que me fez quem sou.
Descobri que tem gente (mais do que seria desejável) que não tem auto confiança, cujo amor próprio é frágil e delicado, e que não consegue conviver com pessoas que 'se acham'.
E feliz ou infelizmente, olha eu aí incluída neste grupo. Ops!
"Não, mãe, você não se acha: você tem certeza!" :)
E sim, se me acho, sou uma achante inocente - a culpa é toda de meus avós, de meus pais, de meus tios, de meus irmãos, de meus primos, de meus filhos, de meus sobrinhos, de meus padrinhos, de meus amigos... e explico: desde que me entendo por gente, me acompanha a sensação (tá, tudo bem, descontando poucos momentos de fragilidade emocional...) de ser amada.
Cresci com a certeza do amor incondicional de minha família: me mostravam sempre que eu era bonita, meiga, inteligente, esperta, criativa, querida; que os erros que cometia todos tinham solução, de que o mundo era o limite pra mim e os meus sonhos... havia sempre um colo quando eu caía, um ombro quando eu chorava, um abraço quando ficava carente; um ouvido pras minhas canções, pros meus sonhos; uma resposta pras minhas dúvidas; e infinita esperança sobre minha felicidade... como não crescer me achando?
Tudo isso desenvolveu em mim a auto confiança e o amor próprio, o que me faz caminhar pela vida de cabeça erguida, ombros em prumo, nariz erguido olhando o sol e as estrelas... apesar das dúvidas, dos medos, das encruzilhadas, dos tropeções.
Por isso a felicidade é parte de mim.
E acho que consegui passar um pouquinho disso para os meus filhos... mas tenho certeza de que errei em um ponto: eu sempre acreditei, e sempre disse :'conheço muito ex marido e ex mulher... mas não conheço ex mãe, ex pai, ex irmão (o que, inclusive, lembra outra história legal de contar com o San), ex filho'... nunca coloquei o amor de um homem no mesmo patamar do amor de família (sabe, né? Sempre há a possibilidade de se tornar ex...) e hoje acredito que estava errada.
Afinal, não é um homem e uma mulher o ponto de partida pra família que dá tanta segurança?
Talvez tenha me faltado maturidade pra ver com os olhos certos isso aí... mas sempre pensava que homens podem trair (não que isso seja imperdoável ou que mulheres não traiam, é que conviver com traição é complicado e mulheres não fazem meu tipo...)
mas hoje caminho pela vida com olhos de ver além e maturidade de entender o que antes não aceitaria, e trago essa certeza no coração: um homem também alimenta nossa auto confiança, nosso amor próprio, nossa auto estima. Um homem também pode nos fazer sentir sempre linda, inteligente, criativa, sensível, importante, sedutora, sexy, essencial... o amor de um homem pode fortalecer nossos passos pela vida.
É muito bom sentir-se amada.


É muito bom.

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